Chocolate em barra e bombom já ficam mais caros perto da Páscoa
LEONARDO VIECELI
Nem opções mais baratas do que os tradicionais ovos de chocolate devem escapar da inflação na Páscoa de 2023.
Em 12 meses até janeiro, os preços do chocolate em barra e do bombom acumularam alta de 13,61% no Brasil, segundo o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Trata-se da maior variação desde fevereiro de 2017. À época, os produtos haviam subido 17,23% em 12 meses, de acordo com os dados pesquisados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No acumulado até janeiro de 2023, a alta do chocolate em barra e do bombom (13,61%) supera a do grupo alimentação e bebidas (11,07%) e equivale a mais do que o dobro do IPCA geral (5,77%).
Segundo o economista Matheus Peçanha, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a carestia reflete principalmente a pressão dos custos de produção.
Nesse sentido, Peçanha destaca a disparada do leite, um dos principais insumos para a indústria de chocolates. Ao longo de 2022, o produto ficou mais caro em razão de fatores como o período de entressafra, que reduz a oferta no mercado.
Com a melhora das condições produtivas, o leite até deu sinais de trégua durante o segundo semestre do ano passado. Mesmo assim, a versão longa vida, por exemplo, ainda acumulou alta de 25,3% em 12 meses até janeiro para o consumidor final, segundo o IPCA.
“Como a demanda tende a subir agora na Páscoa, o preço do chocolate não deve cair tão cedo”, projeta Peçanha.
A carestia também aparece no IPC-DI, um dos índices de inflação do FGV Ibre. Em 12 meses até fevereiro, os chocolates registraram alta de 12,4%, acima da variação geral do indicador (4,7%).
A exemplo do IPCA, o IPC-DI não traz informações sobre os preços dos ovos de Páscoa, cujo consumo é associado somente a essa data.
“Se as barras de chocolate estão mais caras, os ovos também devem ficar mais caros”, afirma Peçanha.
Neste ano, a Páscoa será celebrada no dia 9 de abril. Segundo os dados do IPCA, o Rio de Janeiro teve a maior inflação de chocolate em barra e bombom nas 16 capitais e regiões metropolitanas pesquisadas. A alta foi de 20,09% no acumulado de 12 meses até janeiro.
Supermercados do Rio já começaram a vender produtos pensando na Páscoa. Em uma loja da zona sul da capital fluminense, era possível encontrar caixas de bombom de 250g com preços na faixa de R$ 10,98 a R$ 12,99 nesta quarta-feira (8).
Barras de chocolate de 80g custavam a partir de R$ 5,49. Ovos de Páscoa tinham preços variados, dependendo do peso e da marca -havia desde opções por menos de R$ 70 até produtos acima de R$ 100.
Conforme o IPCA, Aracaju teve a segunda maior inflação acumulada por chocolate em barra e bombom até janeiro: 18,88%. Vitória (16,57%) e Campo Grande (15,53%) vêm na sequência.
Em São Paulo, a alta foi de 14,39%. Fortaleza teve a menor inflação desses produtos entre as capitais: 9,21%.
A Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas) anunciou uma alta de 9% nos lançamentos de produtos do setor para a Páscoa deste ano.
Segundo a associação, 440 itens serão comercializados pelas empresas associadas à entidade, incluindo 163 novidades.
“O mercado vai oferecer, além de ovos de Páscoa, outros produtos de chocolate com diferentes intensidades, como ao leite, diferentes percentuais de cacau, branco, mesclado e, claro, apostas em embalagens diferenciadas para presentes”, afirmou a Abicab.