Brasil dobrará a venda de carnes para a Europa
O Brasil poderá mais do que dobrar a exportação de carne bovina à União Europeia a partir da formalização do acordo de livre comércio entre o bloco econômico europeu e o Mercosul. A estimativa, ainda preliminar, é da consultoria Agrifatto. “Hoje exportamos 5% do nosso volume para a Europa, e esse número pode chegar a 12% ou 13% com o acordo”, afirmou Lygia Pimentel, CEO da e,´resa.
Pelo acordo, o Mercosul – firmado na ultima sexta-feira (06), em Montevideo (Uruguai) – poderá exportar 99 mil toneladas de carne bovina peso carcaça para a União Europeia, sendo 55% do volume na forma resfriada e 45% congelada, com alíquota de 7,5%. Esse volume será alcançado em seis etapas crescentes. Além disso, a Cota Hilton, que atualmente permite a exportação de 10 mil toneladas com alíquota de 20%, será isenta assim que o acordo entrar em vigor.
Grande parte dessa nova cota deve ser ocupada pelo Brasil. Segundo Pimentel, o País já atende 86% da demanda europeia e deve manter essa posição de liderança no Mercosul. “O Brasil tem plena condição de atender à nova cota, mesmo com as exigências impostas”, avaliou.
De outro lado, verifica-se que a rede francesa Carrefour de supermercado, que protagonizou semanas atrás um impasse com a carne brasileira, se prepara para sair do Brasil até o final do ano. Vendeu parte de suas lojas a um grupo paranaense e deverá encerrar as atividades de outras. Na França, o presidente Emmanuel Macron continua tentando agradar os produtos que, não tendo preços competitivos para suas mercadorias, trabalham para impedir a entrada das mercadorias do Mercosul. A possibilidade de sucesso, no entanto, é considerada baixa porque o próprio governo de Macron sofre problemas. Já perdeu as eleições do Parlamento Europeu, do Parlamento Frances e agora acaba de ter o seu primeiro-ministro impedido de continuar no posto por voto de desconfiança dos parlamentares. Especialistas brasileiros em comércio afirmam que o acordo recém firmado é bom tanto para o Brasil e vizinhos – que dispõem de mercadorias a preços competitivos e também para a Comunidade Européía, que hoje enfrenta problemas de produção mas necessita dos produtos, especialmente os gêneros alimentícios. Logo, poderão perder a cartada os produtores franceses e o próprio presidente daquele país.
O Mercosul foi criado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, seus atuas membros permanentes. Hoje tem como associados a Bolívia, Chile, Colômbia, Peru Equador, Guiana e Suriname. A Venezuela (é um membro suspenso). Os países membros têm uma grande pauta de comercialização, onde cada um coloca seus produtos. Brasil e Argentina têm destacada participação no mercado de veículos e peças que, até agora, foi o principal sustentáculo econômico do grupo. A entrada da Comunidade Européia trará um grande impulso aos negócios. Mas hoje o seu maior parceiro de negócios é a China, que estende seus tentáculos por todo o Mundo. Além das negociações com o bloco, os chineses têm uma negociação de acordos diretos com o Urugai.
Durante os 25 anos que nos separam da histórica criação do Mercosul, esse organismo regional têm sido prejudicado pelo ativismo dos incompetentes produtores franceses de alimentos e pela leniência do governo daquele país que, em busca de votos, os apoiou por anos a fio. Agora os outros países da Comunidade Europeia bateram a resistência francesa e possibilitaram o acordo prestes a começar apresentar seus efeitos.