Colunas

Amores…

Por Bel Balieiro

Uma querida me convida a escrever sobre os 200 anos de Franca.

EBAAAAAAAAAAAAA!!! Essa é minha reação imediata. Que alegria!

Escrever – uma das coisas que mais amo fazer – sobre Franca – a cidade que amo – é o máximo.

Mas de repente fica tão difícil. Quase impossível.

E então eu parei. Pra pensar. Pra lembrar. Pra entender.

Franca. Nasci aqui, vivi aqui a maior parte da minha vida e ainda vivo hoje. Aqui aprendi quase tudo o que eu sei. Aqui me realizei profissionalmente. Aqui ganhei muitos amores e perdi tantos outros. Aqui convivi e convivo com as pessoas que mais amo.

Ora, então por que está tão difícil escrever sobre essa cidade que eu amo?

E então, num bate-papo com meu filho no café da manhã, click! Entendo!

É difícil descrever porque como disseram os Raimundos em 99, meu namoro por Franca “é na folhinha”, essa cidade “complicada e perfeitinha”.

Vivi e ainda vivo com Franca uma história de amor.

Franca, hoje eu te saúdo com muitas lembranças de momentos incríveis, às vezes vivendo um amor infantil, ora um amor adolescente ou um amor jovem e, às vezes um amor maduro…

Te saúdo com meu amor de criança, como aquele “inocente e inconsequente” que me fazia explodir de alegria ao correr na enxurrada sem me preocupar com a sujeira ou com doenças.

Te saúdo com meu amor adolescente, como aquele que um dia “te ama para sempre”, ao voltar a pé com a melhor turma de amigos do universo, depois dos bailes na AEC, às 5 da manhã, sem preocupações. E em outro dia “te odeia pra nunca mais gostar” quando um filme não veio pra cá porque você não tinha mais salas de cinema.

Te saúdo com meu amor jovem, como aquele que “permite tudo”, como trabalhar com clientes e uma equipe fora da caixinha, que criou e levou para a Francal, em São Paulo, diferentes peças de roupa engessadas, modelos sem rosto que expressavam a identidade da marca, irreverente, criativa e para público de diferentes idades.

E hoje, te saúdo, Franca, com meu amor maduro, aquele que entende suas imperfeições e carências e continua te amando.

Aquele amor que não gosta que aqui vivam tantas pessoas vulnerabilizadas sobrevivendo com tão pouco e como podem. Não gosto das depredações e sujeira que você sofre, da carência de áreas verdes, parques e jardins. Não gosto de atitudes provincianas que julgam e condenam, não gosto de atitudes elitistas que dividem e rotulam, não gosto do preconceito e da discriminação, infelizmente muito presentes.

Gosto da sua solidariedade presente em muitas pessoas que vivem aqui, dos muitos grupos e organizações que praticam o bem todos os dias. Gosto das suas avenidas largas. Gosto dos seus ipês e flamboyants coloridos e apaixonantes. Gosto de muita gente que existe e resiste aqui. Amo seu céu, mais bonito que o de Roma.

Eu te saúdo hoje, Franca. Seu lado interior que me ensinou a falar um erre exagerado e conhecer muitaaaaaaaaaaaaaaa gente em qualquer lugar que eu esteja. Seu lado capital quando o assunto é tecnologia. Seu lado super-herói quando o assunto é basquete. Seu lado resistência quando o assunto é calçados. Seu lado pesquisador quando o assunto é café. Seu lado Franca de ser, que faz tanta gente se apaixonar e vir morar aqui, como a Cris, uma amiga irmã, paulistana da gema, já na melhor idade, que se mudou para cá há 4 anos e que desde o primeiro mês morando aqui já se referia a você como “minha Franca”.

Cidade das minhas melhores lembranças, do meu melhor presente e de um melhor futuro, onde vivo com meus maiores amores – meus filhos, noras e netas.

Franca, receba a homenagem de sua filha que tem o privilégio de saber a letra do seu Hino do Sesquicentenário por ter cantado em sua festa dos 150, e agora comemora seus 200 anos.

Obrigada, minha Franca bicentenária. Você tem meu amor e minha confiança.

Bel Balieiro é mãe, avó, sogra, professora, publicitária e voluntária do Grupo Mulheres do Brasil Franca. Nasceu e mora em Franca. Ama escrever e se vestir de unicórnio – ou de qualquer outra coisa que a neta peça.

Esse texto faz parte da série "O que elas têm a dizer" em que escritoras de Franca homenageiam a cidade pelos 200 anos, comemorados no próximo dia 28 de novembro. Será um texto por dia, até o final do mês, de crônica, conto, ensaio, poesia… escrito por mulheres. Se você também quiser participar, envie seu texto para solveloso2008@hotmail.com indicando no assunto: texto para homenagear Franca. Ficaremos felizes com todas participações. Soraia Veloso, escritora e francana de coração, é a idealizadora do projeto.

3 Comentários

  1. Texto maravilhoso escrito por minha grande amiga Bel Balieiro, trouxe lagrimas de saudades . Tantos momentos vividos na cidade em que nasci e como ela, também vivi a maior parte da vida.
    O período passado fora dessa cidade para estudar e aprimorar meu conhecimento serviu apenas para reforçar o amor por ela, especialmente quando voltava pra cá . Eu dizia ao avistar a cidade que meu coração se abria. Então celebro esses 200 anos expressando a emoção dessas lembranças e orgulhosa do seu progresso e prosperidade.

  2. Me relacionei demais com tantos olhares e pontos, ora de coisas boas e ora nem tão boas assim, mas ainda com um ar de otimismo de alguém que se quer bem. Parabéns, Bel, linda homenagem!

  3. Muito bom Bel! Eu sou suspeito. Sou um eterno apaixonado pela minha cidade. Apesar de muitos problemas que sabemos que a nossa cidade enfrenta, não admito quando falam mal da minha casa. rs
    Amei o texto!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo