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Entre Franca e Pasárgada

Por Katiucia Cristina Gonçalves Brunelli

Com sua Terra natal
Severino se revoltou
Com seu coração apertado
Seu amigo ele procurou

Olá, Tião, meu amigo!
Como é que você está?
Me vê sua melhor bebida
Que hoje eu quero comemorar

Finalmente dessa terra
Vou conseguir me livrar
Amanhã bem cedinho
Pra bem longe eu vou voar

Tião era dono de bar
Já estava acostumado
Sempre ouvia as histórias
Dos clientes mal humorados

Severino, meu querido
Pra quê tanta marra
Franca é terra tão boa
Não compensa fazer as malas

Vai até a Capelinha
Reformular sua fala
E se isso não der certo
Come um tanto de jabuticaba
Se ocupar com coisa boa
Ajuda a não fazer coisa errada

Tião, “cê ta” maluco
Isso não vai me ajudar
Rezar, Comer, pensar
Só vai me fazer estressar

O que eu quero é ir embora
Sair desse lugar
Minha vida está parada
Preciso movimentar

Meu amigo pensa direito
Pensa pra tomar decisão
Se precisar movimentar
Dá uma volta no Pedrocão

Visita o Relógio do Sol
E o Parque de Exposição
Mas não vai embora de Franca
Com base na aflição.

Tião você não está entendendo
Eu já me decidi
A única coisa que eu sei
É que não quero ficar por aqui

Não adianta chupar manga
Nem comer caqui
Nem mesmo uma bolota
Vai me fazer desistir

Se você já está decidido;
Só tenho que te apoiar
Conta logo para mim
Pra onde é que você vai viajar

Estou em busca de aventura
Trabalho, amigos e amor
Lugar bom pra isso é Pasárgada
E é pra lá que eu vou

Isso tudo tá parecendo
Uma grande ilusão
Mas, se é o que você quer
Vai com Deus, meu irmão.

Severino segue viagem
O caminho é muito duro
Enfrenta frio, enfrenta fome
Sofre no escuro.

Quando, finalmente, chega
Chora de emoção
Pensa que nesse lugar
Terá boa recepção

Logo de cara percebe
Que ali não há hospitalidade
Tudo mundo é muito duro
Naquela fria cidade

Não consegue arrumar emprego
nem uma boa amizade
Comida, Passeio, esporte
Tudo sem qualidade

Encontra em um boteco
Alguém para conversar
E sem travas na língua
Começa a reclamar

Pasárgada é terra cruel
Não fico aqui nem mais um instante
É pedra bruta lascada
Disfarçada de diamante

E, sem pensar duas vezes
E esperar por resposta
O retirante, ligeiro
Pendurou a mochila nas costas

Assim, com muita pressa,
Ele se recuperou
Gritou que tinha saudades
Da Franca do Imperador

Voltarei para minha terra
E beberei água da careta
Vou retomar minha vida
E ficar longe de treta

Ao reencontrar o Amigo;
Velho companheiro de farra
Com choro compulsivo
Foi defendendo com garra

Companheiro, que saudade!
Bem que você me avisou
Eu não fui por maldade
Mas, agora aqui estou

Nossa cidade é maravilhosa
Agora sei como é
Bora passear na fonte
Tomar um bom café

Quero passear no Shopping
Na catedral professar minha fé
Ir ao jogo de basquete
E no Itaú comprar um boné

Seguir com nossa amizade
Disso não abro mão
Recomeçar no calçado
Essa é minha inspiração

E, assim, seguiu Severino
Com o coração tranquilo
Na cidade que o acolheu
E onde mora desde menino

Katiucia Cristina Gonçalves Brunelli é professora

Esse texto faz parte da série "O que elas têm a dizer" em que escritoras de Franca homenageiam a cidade pelos 200 anos, comemorados no próximo dia 28 de novembro. Será um texto por dia, até o final do mês, de crônica, conto, ensaio, poesia… escrito por mulheres. Se você também quiser participar, envie seu texto para solveloso2008@hotmail.com indicando no assunto: texto para homenagear Franca. Ficaremos felizes com todas participações. Soraia Veloso, escritora e francana de coração, é a idealizadora do projeto.

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