Espetáculo Miss Daisy ganha o palco do Ipra neste sábado e domingo. Entrada gratuita
Neste sábado e domingo (23 e 24/11), às 20h, acontece no IPRA, no bairro Estação, a Mostra de Processo gratuita do espetáculo MISS DAISY.
O espetáculo é uma realização da Cia. Antares, companhia de teatro sediada em Franca, através do edital Paulo Gustavo do Ministério da Cultura, Governo Federal, FEAC e Prefeitura de Franca.
MISS DAISY é criado a partir da peça “Apareceu a Margarida”, clássico da dramaturgia brasileira do autor Roberto Athayde, e com contos do escritor, também brasileiro, Rodrigo Ciríaco. A idealização, direção e produção do espetáculo é do diretor Mauro Júnior. No elenco estão Eneida Nalini e José Eduardo Adami. Completa a equipe a assistente de produção Gabriela da Mata.
O espetáculo reflete sobre a educação brasileira, as suas discussões, problemáticas e idiossincrasias. A frase emblemática de Darcy Ribeiro, “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é projeto”, norteou a montagem.
MISS DAISY é sobre uma professora arcaica que adora o passado e suas crenças já estão com prazo de validade vencida. Vivendo em 2024, mas ainda agarrada ao pretérito (im)perfeito, acredita ainda estar nos anos 70. Patriota, é defensora da ditadura militar, da família, dos bons costumes e da religião. Inimiga declarada de Paulo Freire, Daisy ama os EUA, bate continência para pneu e canta “The Star-Spangled Banner” com seus alunos. Eventualmente, em seus surtos em sala de aula, conversa consigo mesma, ensina sobre sexo, urra palavrões, chora sua solidão. Neste espaço-tempo que se abre em sua mente, entre um acesso de loucura e outro, confessa suas verdadeiras angústias, neuroses e medos como professora da educação pública brasileira. É neste
ínterim temporal também que Miss Daisy dá passagem a outros personagens, incorporando essas almas perdidas dentro da escola-prisão, enquanto a sirene não toca. Uma galeria de personagens surge então com suas histórias: alunos, professores, demais funcionários. Histórias que revelam por dentro as violências e as epifanias das vidas trancafiadas numa escola pública da periferia de qualquer cidade brasileira. A peça é inspirada na experiência do real, na força narrativa destes pequenos monólogos, na possibilidade de vociferar contra a desigualdade atroz que teima em condenar jovens cheios de potência “a um futuro impossível”.
Segundo o idealizador e diretor Mauro Júnior, “o espetáculo é estruturado como um quebra-cabeça, um puzzle que a cada apresentação o público sorteia e escolhe os quadros e a ordem. Daí em diante, os quadros se encaixam (ou não), num jogo de tentativa e erro, entre harmonia e contraste constante em cena. Os quadros se sucedem conforme a escolha por sorteio do público presente. Portanto, cada apresentação é única, seu sentido, os significados, as significações e subjetividades, já que a simples ordem dos quadros interfere na percepção isolada e total da obra. Uma escolha que coloca os atores e equipe em risco a cada apresentação, mas que nos instiga nesse jogo de montar e desmontar quadros e personagens à vista dos espectadores”.
Os bastidores são escancarados. Não tem coxia, o camarim é aberto, a cabine de operação em cena. Não há distinção entre palco e plateia. Tudo é e habita a mesma geografia e respiração.
O que é uma Mostra de Processo?
A Mostra de Processo desafia a tradicional distinção entre processo e produto no teatro. Ao expor o processo criativo, essa abordagem permite uma reflexão crítica sobre a construção da obra, envolvendo o público na dinâmica da criação. É uma prática que subverte a lógica da produção teatral tradicional, onde o produto final é o foco principal. Em vez disso, essa abordagem prioriza o processo criativo, tornando-o o centro da atenção, marcada por uma constante
experimentação, onde os criadores testam e refinam suas ideias, desafiando as estruturas pré-existentes, questionando as escolhas da peça, revelando os bastidores e o trabalho dos criadores. O público é então convidado a participar, através do bate-papo após as apresentações, gerando reflexões e discussões sobre o processo criativo e as escolhas artísticas. A Mostra de Processo assume riscos e aceita erros como parte integrante do processo criativo.
SERVIÇO
Datas: 23 (sábado) e 24 (domingo)
Horário: 20h
Local: IPRA (R. Diogo Feijó, 1956, Estação, Franca)
Convites: Gratuito (Chegar com 1h de antecedência para garantir o convite – 100 lugares)
Classificação indicativa: 16 anos (linguagem imprópria)