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Você já leu Webtoon?

Formato revolucionou a produção de quadrinhos digitais e já ganhou até versão brasileira

A transposição de histórias em quadrinhos para o ambiente digital não é novidade. A plataforma dos chamados webcomics, a ComiXology, foi criada há 15 anos. A digitalização de HQs impressas, por leitores e colecionadores, bem como sua publicação de forma ilegal em fóruns da Internet, é ainda mais antiga.

O problema deste formato é que ele se limitava a transpor para a tela uma réplica das páginas das revistas tal e qual haviam sido impressas. Mesmo nos visores dos tablets, maiores do que a de um celular, e com o recurso do zoom, a leitura dos balões ou a apreciação de algum detalhe na arte ficavam comprometidas.

Ainda assim, grandes e médias editoras estadunidenses – como Marvel, DC, Image, Dark Horse e outras – passaram a lançar algumas de suas publicações exclusivamente nas plataformas digitais ou, em outros casos, a estreia se dava no digital e só depois seguia impressa para as comic shops (estratégia chamada “digital first”).

Por conta disso, houve uma pequena evolução no formato das HQs digitais: quadros mais complexos eram “desmembrados” e novos balões, recordatórios e elementos visuais eram acrescentados ao quadro a cada vez que o leitor “virava a página”. Ajudou, mas não resolveu.

Formato revolucionário

O Webtoon surgiu na Coreia do Sul, em 2004 – antes da ComiXology, portanto –, mas só ficou mais conhecido dez anos depois, quando foi lançado internacionalmente. Com a chegada da versão em inglês, francês e espanhol, em 2019, sua popularidade explodiu. Hoje, muita gente usa o nome da plataforma, Webtoon, como sinônimo do seu revolucionário formato.

É justamente neste formato que reside a maior diferença – e vantagem – sobre as primeiras webcomics. As HQs são publicadas de forma que a leitura se dá na vertical, com o visor do dispositivo (celular ou tablet) ocupado por um “quadro” de cada vez, e avança à medida que o leitor rola a tela para baixo, um movimento natural nesses dispositivos. Por isso, o formato é chamado de “tripa” ou scroll.

Vale lembrar que, numa HQ convencional, a disposição das imagens, balões, onomatopeias e demais elementos dentro dos quadros, dos quadros na página e de uma página para outra, segue uma ordem lógica que direciona a narrativa na horizontal, da esquerda para a direita (no padrão ocidental). Portanto, um bom Webtoon (ou “tripa” ou scroll) deve conseguir o mesmo efeito na posição vertical e conduzir a história numa ordem de leitura de cima para baixo, um quadro de cada vez.

Alcance

Para se ter uma ideia do alcance do Webtoon, uma de suas séries, Batman: Wayne Family Adventures, tem 1,3 milhão de seguidores e 89 milhões de visualizações. Com 89 episódios semanais publicados até o momento, dá uma média de 1 milhão de leituras a cada semana.

A título de comparação com o mercado impresso, o relançamento de uma das principais publicações do Homem-Morcego nos Estados Unidos, Detective Comics, vendeu 574 mil exemplares ao longo de todo o ano de 2019; a edição 50 de Batman, que trouxe o aguardado casamento do herói com a Mulher-Gato, chegou a 412 mil exemplares no ano anterior. Estes números se referem aos pedidos feitos pelas lojas ao distribuidor e não considera possíveis encalhes.

Algumas publicações de grande sucesso na plataforma Webtoon vêm percorrendo um inusitado caminho inverso e migrando do digital para o impresso, com a devida adaptação. É o caso, por exemplo, de Lore Olympus, da artista Rachel Smythe, que faz uma divertida modernização dos mitos gregos. Nos Estados Unidos, esta série vem sendo lançada pela editora Random House, em volumes que reúnem 25 episódios semanais cada. No Brasil, os livros estão saindo pela Companhia das Letras e a série está no terceiro volume.

Versão brasileira

Em março deste ano, a editora Universo Guará colocou no ar sua plataforma própria de quadrinhos digitais. Batizada de Funktoon, segue o mesmo formato de scroll do Webtoon.

Em menos de quatro meses, conquistou 50 mil usuários e 1,5 milhão de leituras. Com o sucesso acima do esperado, a editora já prepara uma versão atualizada para julho ou agosto, a fim de deixar a plataforma mais leve e eficiente, e melhorar a experiência de leitura.

Fiel ao princípio editorial da Guará, o Funktoon privilegia os artistas nacionais. Hoje, disponibiliza HQs de mais de 1,5 mil autores, sendo parte da própria editora – inclusive revistas publicadas anteriormente no formato impresso, que foram convertidas para “tripa” –, e parte produzida por quadrinhistas convidados e por independentes, que podem subir suas histórias na plataforma sem custo nenhum.

O serviço é gratuito também para os leitores, mas aqueles que optarem pela assinatura mensal de R$ 9,90 têm acesso antecipado a novos episódios semanais antes dos demais.

Para os leitores que quiserem se arriscar neste novo formato de consumir histórias em quadrinhos, os aplicativos do Webtoon (em inglês) e do Funktoon estão disponíveis para os sistemas Android e iOS.

Clique nos links para baixar e instalar:

Webtoon (Android) / Webtoon (iOS)

Funktoon (Android) / Funktoon (iOS)

Presente

Em contato com a coluna, a Universo Guará decidiu presentear os leitores com um cupom que dá direito a 30 dias de assinatura grátis. É só baixar o aplicativo, fazer o cadastro e utilizar o código FRANCA23. Mas atenção! O cupom é válido para as primeiras 50 pessoas que o utilizarem.

Jota Silvestre

É apaixonado por cultura pop, é jornalista especializado em cinema, séries, animação e histórias em quadrinhos, com mais de 15 anos de experiência em publicações especializadas.

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