Adeus ao bruxo da núsica: Hermeto Pascoal morre aos 89 anos
Multi-instrumentista alagoano, referência mundial em criatividade e liberdade musical, deixa um legado eterno à cultura brasileira

O Brasil perdeu neste sábado (13) um dos maiores gênios da música universal. Hermeto Pascoal, compositor, arranjador e multi-instrumentista alagoano, faleceu aos 89 anos no Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro, em decorrência de falência múltipla dos órgãos causada por complicações respiratórias de um quadro avançado de fibrose pulmonar.
Conhecido como o “Bruxo” da música, Hermeto transformava objetos cotidianos em instrumentos e sons da natureza em melodias. Sua obra, marcada pela improvisação e experimentação, transcendeu fronteiras estilísticas e culturais, misturando jazz, frevo, baião, choro e música clássica em uma linguagem que ele chamava de “música universal”.
Natural de Lagoa da Canoa (AL), Hermeto começou a tocar acordeom aos 10 anos e, aos 14, já se apresentava em rádios com o irmão. Ao longo de sua carreira, colaborou com nomes como Elis Regina, Miles Davis, Airto Moreira e Tom Jobim. Foi vencedor de três Grammys Latinos e recebeu o título de doutor honoris causa pela prestigiada Juilliard School, em Nova York.
No momento de sua partida, seu grupo estava no palco, tocando — exatamente como ele desejava. Em comunicado emocionado, a família pediu que os fãs o homenageiem com uma nota musical, seja na voz, no instrumento ou até na chaleira, como ele costumava fazer.
Hermeto deixa seis filhos, 13 netos, dez bisnetos e uma obra que continuará inspirando gerações. Sua última apresentação no Brasil foi em junho de 2025, no Circo Voador, e ele ainda tinha shows marcados em Portugal para os próximos meses.
A música brasileira se despede de um mestre, mas sua arte permanece viva — soprada pelo vento, cantada pelos pássaros e tocada por todos que acreditam na liberdade criativa.