Seu patronímico – expressão que desfiro somente para sacanear a nossa classe – Plácido, seria o tudo para bem e fielmente definir a personalidade daquele então recém-nascido.
O que é brando, calmo e suave é Plácido. Marca de um caráter.
Saltando a linha do tempo, acordamos para o fato de que foi dia 23 próximo passado que ele, agora bisavô, cravou ‘dois machados’ (77) nas costas e no peito, por seu evidente apego e consideração às instituições da família e da fé cristã!
No entremeio de sua modelar e aparente maneira simples de viver e ver as coisas, andou fazendo o que os de bem com a vida fazem; e o fazem com o coração, movidos por seu olhar de carinho, que quase confundia o seu circunstante com inexiste indiferença. Dava a entender que a pressa tiraria o sabor dos momentos de alegria e, à feição dos sintomas da covid-19, poderia corromper o mais apurado dos paladares. O que perderia a graça, seria insosso.
Estudou para caramba. Ralou. No tempo antigo, era muito difícil vencer na vida. Elite era elite; pobre era pobre. Meio termo se usava para, por exemplo, referir-se a uma casa, do tipo americano, feita sobre um mesmo terreno e dividida em duas partes, com parte interna comum a estas servindo de parede-meia.
Atrevemo-nos a, na fita das memórias, dar um pause no ponto em que Nilson, de cara com a barreira formada à sua frente, para a cobrança das faltas que placidamente sentia, mirou as traves do gol e, distância tomada, enfia uma bicuda na bola que o destino lhe meteu nos pés que, calibrada pelo desejo nobre de constituir sua família, ser alguém na vida e deixar algum legado, de curva, manda goleiro e bola para as redes. De placa!
Entrou na FDF – Faculdade de Direito de Franca – em 1970, ano em que o Brasil se sagrava tricampeão mundial da Copa do Mundo no México. O nosso homenageado, abria as passadas para as suas vitórias pessoais e que somente faria enobrecer a Advocacia e o ético e modelar exercício dela.
Cresceu como nunca ao constituir o estádio seguro do seu lar com a Sra. Mariângela, de cujo matrimônio teve os filhos Nilson Roberto, a Flávia e o João Henrique. Estes lhes deram uma dezena plena de netos: Rafael (Dr. Rafael, data venia!), Larissa, Maria Gabriela, Samuel, Isabella, Lara, Matheus, Ana Laura, Henrique e Heloísa.
Viveu para, com a amada esposa, receberem e amarem a Maria Luísa, a bisneta.
Sua vocação e preparo acendrado para operar o Direito deu a base para formar uma família de advogados. Uma honra e um privilégio. A sucessão natural o confirma e a sua clientela e amigos agradecem.
Na volta às origens, ocorre-nos que somos peregrinos. Não somos daqui.
Pimenta espira nos olhos. Ardem. Estão vermelhos.
Choramos ao reconsultar que o termo “advogado” advém do vocábulo latim ad vocatus que significa “chamar junto a si” no sentido de ficar ao lado, para auxiliar, ou falar em nome de outrem.
Pode ser que ser chamado para estar junto de outro nos custe a perda do esposo, do pai, do sogro, do irmão, do avô, do bisa, do primo, do defensor, do amigo verdadeiro e do colega de classe.
Foi o que se nos aconteceu. De ontem para este sábado de inverno seco, 3 de agosto, aprouve ao Senhor Deus chamar o ilustre Dr. Nilson Plácido para junto de si; e o fez com a autoridade e o incomparável amor de Pai.
Esvaziado de palavras, vou sedento ao Evangelho, atrás de São Pedro, teimoso e servo de todas as horas. Fala, Pedro:
“E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá”. (1ª Pe. 5:10)
A Advocacia de Franca está de luto, no foro competente para pensar, analisar, debater e combater o ministério de dar a Deus o que é de Deus e aos homens o que é deles, na esteira do que o Dr. Nilson Plácido nos outorga com a abertura de sua sucessão moral e profissional.