Opiniões

Barril de pólvora…

Há certo temor no ar, com a aproximação do dia 7 de setembro, o dia dos protestos a favor do governo Bolsonaro. Tem muita gente com medo da violência entre os apoiadores do presidente e o resto: os que não o apoiam e os movimentos sociais de esquerda.  Mas, qual a razão disso? Seguramente não há. Não há ninguém querendo brigar com os apoiadores do presidente.  O que há, de fato é que a maioria das pessoas não entende o funcionamento da sociedade, nem do sistema de Poder do Estado ou da economia. E essa massa é conduzida em quase tudo que faz, por ideologias políticas de esquerda ou de direita, e em grande parte pelas igrejas, religiões e de outras crenças novas, como os negacionistas da ciência, etc.

Boa parte é cooptada pelos líderes daqueles grupos e por suas mensagens difundidas pelos meios digitais de comunicação. Dessa massa, mesmo aqueles que fazem uso dos meios de comunicação digital, muitos continuam sendo analfabetos funcionais, porque não entendem com clareza as regras de funcionamento da sociedade em que vivem. Por que, então, estaríamos à beira do caos, se optar por ideologias diferentes não é motivo para conflitos numa democracia? Se há algum risco, poderíamos responder com certeza que é por causa do radicalismo daqueles que conduzem as massas, colocando as ideias que defendem como verdade absoluta, que não aceitam conviver com ideias contrárias. Claro que há influenciadores digitais de toda ordem.

Muitos são pacificadores, mesmo ligados à ciência, à religião e até à política. Mas, devemos lembrar que apesar de todo o barulho das redes sociais, elas estão longe de alcançar a maioria da população. Há grande contingente de pessoas em silêncio absoluto: são excluídos digitais. Há uma parte que é influenciada por uma pequena parte da mídia (rádios e TVs abertas) que também são apoiadores do governo. Outros órgãos de mídia contrários ao governo. E há os que não se deixam levar pelas bobagens das redes sociais e por tudo o que a mídia diz. Mas, seguramente a maioria da sociedade não está disposta a entrar numa guerra por uma causa que não entende direito…

Não podemos ser ingênuos também. Há grupos que estão tirando proveito das confusões do governo. Claramente um deles é aquele conhecido como centrão, um grupo de partidos de centro, todos oportunistas. Vendendo apoio para pautas sem fundamento do presidente, como aquela de facilitar a compra de armas pela população, ou de diminuir a segurança no trânsito, com a modificação da legislação, esse grupo está tomando conta do orçamento do Governo Federal. E há o grupo de agricultores que dominam grandes áreas de terras, que não têm interesse na questão ambiental, porque vendem soja para a China, e estão aproveitando da ojeriza que o presidente tem dos ambientalistas.  Com isso estão ampliando as suas áreas de exploração a custo da floresta Amazônica. E a confusão do governo também favorece a todo tipo de criminosos: garimpeiros ilegais, grileiros de terras públicas, traficantes. E, claro com isso há o ataque sistemático às populações indígenas, que estão correndo sério risco de perderem suas terras, o seu mundo, não custando lembrar que o seu mundo é a floresta, de onde eles tiram o seu alimento, o seu remédio, a sua vida.

Tudo isso sem falar na pandemia da covid-19 que já destruiu milhares de famílias, dizimando quase seiscentas mil vidas, enquanto alguns discutem bobagens nas redes sociais.

Mas, sobre o dia 7 de setembro, se pudesse opinar eu proporia que fossem deixados em paz os apoiadores do presidente. Deixem que façam o seu desfile, que passeiem de motocicletas, que façam os seus discursos. Afinal, de contas democracia é isso: cada um com sua ideologia, mas todos vivendo em paz no mesmo espaço. No próximo dia 12, que desfilem os contrários ao presidente, sem confrontos, sem violência. Afinal, a decisão sobre quem vai ser o próximo presidente não será tomada nas manifestações do dia sete de setembro de 2021, mas nas próximas eleições, em outubro de 2022. E precisamos, todos, sobreviver até lá!

Dr. José Borges

Advogado (Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Franca); especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil e em Direito Ambiental. Foi Procurador do Estado de São Paulo de 1989 a 2016 e Secretário de Negócios Jurídicos do Município de Franca. É membro da Academia Francana de Letras.

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