Lourdes Copola, 87 anos, é natural de Serra Negra,interior do estado de São Paulo, mas foi na capital que esta mulher empoderada se criou. Lá casou-se,teve 3 filhos, tirou CNH profissional. Foi instrutora em auto escola, trabalhou como entregadora de uma loja de roupas para ajudar nas despesas domésticas, tudo isso nos anos 60, na época da ditadura.
Uma mulher à frente do seu tempo, com estilo próprio e voz firme. Muito ativa, ela é apaixonada por dança e faz questão de mostrar, no celular, alguns de seus vídeos preferidos.
Lourdes vive em Monte Alto, praticamente numacasa de bonecas, mas ela prefere se referir ao lar como ‘casa dos anões’ pelo fato do teto ser mais baixo que as casas convencionais. “Que eu organizo e limpo tudo”, diz ela, que assina também a decoração.
Foi um casal de compadres que despertou na mulher com espírito cigano e olhos verdes como umaesmeralda o interesse pela cidade. “Monte Alto é uma cidade acolhedora. Quis fazer minha vida aqui, com meu marido”, conta ela.
Lourdes já teve bar e lanchonete. Depois disso, um filho comprou uma Kombi para vender cachorro quente em seu nome, mas não quis tocar o negócio adiante. Ela, então, já divorcidada, resolveu contratar alguém para acompanha-la nas aventuras de irem em festas de peões, escolas, em cidades vizinhas e até um pouco mais distantes vender o “cachorro quente da Lourdinha”.
Foi assim que conheceu a Vera, carinhosa, atenciosa e que ao seu lado pegou a estrada, levantou poeira e juntas construíram uma linda amizade, com muita união e respeito. As duas hoje também se dedicam à costura. Lourdinha cria os modelos, escolhe os tecidos elas costuram em máquinas industriais.
Numa conversa gostosa e animada, Lourdinha vai distribuindo lições de vida. Quando questionada se tem algum sonho ou vontade ela responde de pronto: “O que? Não tenho! O que eu tenho vontade de fazer, eu faço. Não passo vontade de nada!”, diz essa mulher que confessa ter apenas um medo: dormir sozinha no escuro.
E é com essa coragem e entusiasmo pela vida que Lourdinha saiu vencedora de vários jogos da terceira Idade dos quais participou. É com orgulho que exibe troféus e medalhas dessas competições e de concursos de dança.
Dançar faz parte da rotina de Lourdes. Aos sábados ela baila frequentemente, mas é nas tardes de domingo que Lourdinha, que é também MISS 3° Idade, se solta, deixando todos estupefatos com seu charme, postura, simpatia dignos de uma verdadeira miss.
Problemas e amarguras, claro, também apareceram em sua vida, mas disse que procura encarar tudo sempre com “um sorriso no rosto, fé no coração e esperança na alma”, mesmo tendo passado momentos dificílimos, como a morte de dois filhos.
Além de manter a cabeça em dia com tantas atividades, Lourdes cuida também do corpo. Vai ao médico, faz os acompanhamentos necessários e é adepta da alimentação saudável e controlada.
Além de miss, Lourdes também já foi rainha do Bloco Macaco Albino, no Carnaval de Monte Alto. E investida dessa majestade, não se fez de rogada e, no meio da entrevista, pegou seu estandarte e o exibiu cantando “Viver e não ter a vergonha de ser feliz! Cantar e dançar a beleza de ser um eterno aprendiz”.
Com a história de Lourdes, quero aproveitar a proximidade de outubro – quando se comemora o Dia Internacional do Idoso – para homenagear os meus avós, que já partiram, e a todos os vovôs e vovós mundo afora. Só temos a agradecer por tanto aprendizado!
