Opiniões

Ângulo de vista do paciente

O setor de saúde está em um momento crítico. 

O rápido desenvolvimento de teorias sobre como oferecer atendimento seguro e centrado na pessoa contrapõe-se à máxima de que em “saúde é diferente”. Não cola mais.

Se queremos saúde do século XXI, não podemos usar modelo de gestão do século XIX, disse, com autoridade, Porter @meporter.hbs, o catedrático de Harvard.

As pessoas agora estão exigindo segurança e confiabilidade nos cuidados que recebem e querem ser tratadas como indivíduos que estão doentes e não como um número ou uma doença.

O inaceitável e chocante é que ainda se continuar a construir o mesmo tipo de hospital, a educar futuros enfermeiros e médicos como sempre foi feito e a operar em um sistema hierárquico pro-fragmentação, quando deveria formar equipes sólidas e saudáveis.

O cuidado com a saúde humana deliberadamente focado em muitas instituições acontece por obra do acaso e não por planejamento!

O que mudar?

1) Hospitais: o modelo hospitalocêntrico deve mudar. As pessoas buscam conveniência e agilidade. Integração com a comunidade é primordial. O enfoque em hospitais e em suas tecnologias e subespecialidades, palavra de comando da maioria dos sistemas de saúde em todo o mundo, prova de seu próprio erro de diagnóstico. E quem sofre é o usuário.

2) Qualidade: a mensuração vem da percepção do paciente; é necessário avaliar a experiência.

3) Atores do cuidado: é preciso mudar o mindset fixo de “tratar doenças” e passar a ofertar saúde,  o que exigirá mudanças na formação universitária desses profissionais. O lobby pela abertura de mais e mais faculdades depõe contra essa inadiável mudança de perspectivas e de prementes necessidades das redes públicas e particulares de saúde.

4) Colaboração: venha a cocriação! Expressão relativamente nova, de acepção atualizada e de índole integrativa e futurista, para muitos, em cujo contexto histórico, a criatividade, inovação e criação conjunta passam a ser cruciais, visando atender a velocidade das mudanças sociais, culturais, econômicas, políticas, científicas e tecnológicas, em organizações lucrativas ou não lucrativas (v. Bragança et al., 2016; p.42).

Existe um descrédito voltado à atenção primária e grande enfoque na atenção terciária, ou seja, a lei do lucro deve prevalecer em forma de serviços especializados e de alta complexidade.

Como resultado, temos altos custos e baixa resolutividade na saúde da população como um todo, alertava a Vertical Saúde Acate, em alentado artigo de janeiro de 2018. Acesse: https://saude.acate.com.br/diagnostico-brasil-principais-problemas-da-saude/#:

Reformar a assistência para reposicionar é só o começo; que nunca começa. Uma pena!

Théo Maia Pedigone Cordeiro

Médico de Família e Comunidade pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

Um Comentário

  1. Vale uma reflexão. Nunca havia enxergado por essa perspectiva. Concordo! Tomara que saia da teoria, será de grande valia para todos nós, em todos os sentidos.

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