Inspirados

Os amores rasos da sociedade contemporânea

Ah! Os amores rasos que teimamos em mergulhar de cabeça! Que situação deveras triste para quem cresceu pensando que o amor era para toda a vida. As pessoas se moldaram ao sistema vigente que rege o mundo contemporâneo, o sistema consumo X descarte, e quase que inconscientemente se autodepreciam em detrimento a uma ínfima migalha de afeto oferecida por qualquer um, e se deixam levar por uma noite, ou um fim de semana com um tempo pré- estabelecido para terminar.

Qual será o tamanho da dor que existe dentro de nós que permite com que façamos isso conosco e com outrem. Qual seria o tamanho dessa dor para que permitamos nos deixar serem usados e também usar os outros? Quando isso vai parar? Será que isso vai parar algum dia? Um amor termina e necessariamente é preciso que se comece outro? Esse é um dos maiores condicionamentos ao qual temos sido vítimas na sociedade atual.

E para que comecemos outro amor, existem inúmeros aplicativos que oferecem esse serviço como se as pessoas fossem um cardápio de um restaurante qualquer. Alguns cardápios possuem pratos suculentos e caros, ao passo que outros, não são tão suculentos, porém são infimamente mais baratos. Qual devo escolher? Será que devo escolher alguém para que esta noite eu não me sinta sozinha? Uma noite e nada mais? Primeiro vem a anestesia, e posteriormente vem a dor, o abandono, e eles vêm de forma mais latente mais e mais insaciável que antes.

Ah! Os amores rasos de uma noite só, que belo seria se eles terminassem ali mesmo, porém não é tão simples assim, um vai embora quando amanhece ao passo que o outro amarga a saudade de outrora, ainda com o gosto do vinho na boca, regada a promessas malfadadas, promessas essas que jamais se cumprirão. Tais promessas morrerão no momento em que a pessoa descer a escada ou o elevador, ou simplesmente fechar o portão.

Qual será o tamanho da dor que existe dentro de nós para que permitamos que façamos isso conosco e com outrem? As mensagens através do telefone já não são mais as mesmas, a procura um pelo outro vai cessando devagar, até que não exista mais nenhuma procura apenas lembranças vagas e promessas vazias que jamais se cumprirão. E assim recomeça novamente a busca por um prato desgutável ao paladar do momento.

Amores rasos também são amores?

Evanuse Fernandes

É Graduada em Psicologia pelo uni-FACEF com orientação em Psicologia Analítica/Junguiana, Graduanda em História pela Uniube, e Pós-graduanda em Psicologia com Intervenção em Drogas pela Faculeste.

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