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Por debaixo do Gibão

Um povo sofrido que tem suas histórias cantadas e escritas ao invés de choradas. Vidas dedicadas ao cangaço, à culinária, à literatura de cordel, e à música. Literalmente artistas populares. Naquele nordeste tem todo tipo de alegria representada no maracatu, xaxado, samba de roda, e também nos “pulos” do frevo. Luís Gonzaga canta o sol arrasador que deixa a terra ardendo, a raridade da água, e diante de tanta desgraça citada, pensamos que lá é impossível viver.

Sua sanfona dita um ritmo, e as canções cantadas de vocabulários simples e populares leva-lhe a dançar. É o forró. Não dá para ficar sozinho, ao contrário dá vontade mesmo é de ficar bem juntinho. Trata-se do verdadeiro remédio do coração ou do sofrimento do “Zé”. Estou falando é do baião, “que trem bão” na linguagem do vaqueiro ou lampião, estes são os executivos do sertão.

Aqueles trajes são inconfundíveis, chapéu de couro – ensebado para não penetrar água – e paletó de couro denominado gibão, este tem serventia para o peão. Protege do sol, dos espinhos das arvores e do chão. Ali mesmo estão os obstáculos da caatinga que o vaqueiro corre para ganhar o “pão”. Novamente digo um povo sofrido, pobre de bolso e rico de espírito. Quem é rico anda de jegue, a Ferrari nordestina, quem é pobre anda a pé, com fé em Padim Ciço sempre à espera do milagre.

Na poeira do arrasta-pé sobem histórias de provação, sem um pingo de angústia que se transforma em repente ou literatura. A mutação é a alegria do nordestino, é a “Gabriela” de Jorge Amado, o “Auto da Compadecida” de Ariano, “Vidas Secas” de Graciliano, “Asa branca” de Gonzaga, “O Albatroz Azul” de João Ubaldo, são histórias contadas de forma musical ou literária. Por debaixo do gibão há paixão pelas artes. São os nordestinos dos contos populares. Oxente!

Dione Castro

É administrador de empresa, estudante de gestão empresarial pela Fatec, graduado em direito e um eterno curioso.

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