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O que o prefeito Alexandre vai fazer diante da privatização da Sabesp?

Com a Sabesp, Franca esteve, pelo menos nos últimos dez anos, entre os melhores saneamentos básicos do Brasil. Quem é de Franca sabe e sente muito orgulho da Sabesp. Mas parece que quem não sabe disso é o prefeito Alexandre.

A Sabesp atua no município de Franca desde 1977. Com ela, o serviço de saneamento básico da cidade é universalizado desde 88. Quando assumiu os trabalhos municipais, metade da população francana não tinha acesso a tratamento de esgoto, que hoje é fornecido para toda a cidade. E mais do que isso: onde, por décadas, grande parte dos bairros estava sem saneamento básico, hoje se produz
até biogás como combustível para carros a partir do tratamento de esgoto.

Com a Sabesp, Franca esteve, pelo menos nos últimos dez anos, entre os melhores
saneamentos básicos do Brasil. Quem é de Franca sabe e sente muito orgulho da Sabesp. Mas parece que quem não sabe disso é o prefeito Alexandre Ferreira. Quem acompanhou o processo de privatização da companhia estatal em 2023 se lembra do quanto ele foi truculento.

Votada em um plenário tomado por gás lacrimogêneo e esvaziado pela violência com quem protestava contra a privatização, foi aprovada uma proposta que não condizia com a vontade popular.
Mas mesmo assim tentam a todo custo levar esse projeto de privatização adiante.
Em Franca, a população manifestou mais de uma vez que é contra a privatização da Sabesp.


Desde Julho de 2023, com a criação da Frente Parlamentar sobre a Privatização da Sabesp na Câmara Municipal de Franca, os debates sobre esse tema são recorrentes e acalorados. Em muitas sessões, o prefeito foi cobrado por vereadores (que eram contra ou a favor da privatização) para que se posicionasse sobre o assunto, mas ele insiste em continuar em cima do muro. O que ele insiste
em esconder é que seus 4 colegas deputados do mesmo partido, o MDB, votaram a
favor do projeto na Assembleia Legislativa.


Em Franca, os trabalhadores da companhia entraram em greve no dia 03 de outubro de 2023 contra o projeto de privatização, fato completamente ignorado pelo prefeito. Essa posição não foi diferente em relação ao plebiscito popular realizado sobre o tema, com votos coletados inclusive aqui em Franca, ocasião em que 99,9% da população do estado foi contra a privatização.


Neste 5 de Março, em uma das audiências públicas convocadas pelo governo para discutir o tema, o prefeito foi colocado pelos francanos mais uma vez em uma saia justa. Nenhuma das pessoas presentes defendeu a privatização. Ao contrário: todos ressaltaram a importância da Sabesp como uma empresa que gera lucro para o governo, saneamento para toda a cidade, emprego de qualidade para centenas de pessoas e satisfaz a população. Muitos também queriam saber a posição do prefeito sobre o tema.


Vagamente, Alexandre faz sua fala: “a gente precisa garantir qualidade, que a nossa cidade continue sendo o melhor saneamento básico do país e garantir a nossa referência internacional”. Essas palavras não respondem às dúvidas que pairam na cidade de Franca há meses: o que o prefeito Alexandre vai fazer diante da privatização da SABESP? Qual a posição de Alexandre sobre como proceder
com o contrato entre Franca e a SABESP que se encerra em 2037? O saneamento básico de qualidade tem data de validade em Franca?


Alexandre não se colocou em nenhum momento contra a privatização da SABESP, apenas tratou ela como um fato consumado. No mínimo, é uma estratégia que não se estranha e que livra o prefeito de desconfortos com o governador Tarcísio de Freitas (seu apoiador e um dos nomes que mais defendem a
privatização) e com a população, que sabe dos impactos privatistas no saneamento
básico da cidade.


Do Rio de Janeiro a Manaus, as experiências de privatização aumentaram as tarifas de água. Em Paris e Berlim, os governantes voltaram atrás e reestatizaram o serviço de saneamento. O contrato de Franca com a SABESP aponta para possíveis respostas: a municipalização do serviço, ou seja, a transferência de sua gestão para responsabilidade do município, é uma alternativa que poderia ser discutida na cidade. Contudo, falta coragem da gestão municipal para tocar nesse assunto. Em Franca, continuamos sem respostas: o que vai fazer o prefeito Alexandre diante da privatização da SABESP?

Lê Magalhães

É estudante de Direito na Unesp, ativista trans e diretor LGBTI+ da União Estadual dos Estudantes de São Paulo.

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