Justiça brasileira, a pior do mundo!
Não é novidade para os brasileiros que o judiciário do país é alvo de críticas constantes. Corrupção, privilégios, lentidão e decisões controversas já fazem parte do imaginário coletivo. Agora, essa percepção foi respaldada por um estudo do World Justice Project (WJP), que classificou o Brasil como o país com o judiciário mais parcial do mundo, ao lado da Venezuela. A confirmação científica desse diagnóstico é alarmante e nos força a encarar a dura realidade: nossa justiça não é cega; ela enxerga, e muito bem, quem é rico e quem é pobre, quem tem poder e quem está à margem.
Supersalários e decisões pessoais
Enquanto boa parte da população brasileira enfrenta dificuldades para sobreviver com um salário-mínimo que não cobre sequer as despesas básicas, magistrados no Brasil desfrutam de privilégios que escandalizam até mesmo as democracias mais consolidadas. Relatórios recentes apontam pagamentos exorbitantes a juízes, com contracheques que chegam a incríveis R$ 500 mil em um único mês, fruto de indenizações e penduricalhos criados para driblar o teto constitucional.
Essa ostentação não seria tão revoltante se fosse acompanhada de um sistema judiciário eficiente e, acima de tudo, imparcial. Porém, o estudo do WJP revelou que o Brasil lidera negativamente em critérios como discriminação de classe social, gênero, etnia e outros aspectos, evidenciando um sistema legal que favorece os poderosos em detrimento dos vulneráveis. Decisões judiciais frequentemente baseadas em interesses pessoais e relações de poder, ao invés da legislação vigente, tornam-se o retrato fiel de uma justiça que parece mais empenhada em preservar seus privilégios do que em servir ao povo.
A percepção pública e o clamor por mudanças
O que esse estudo traz à tona não é novidade para quem vive no Brasil. Pesquisas de opinião já mostram há anos que a confiança da população na justiça está em queda livre. O brasileiro médio enxerga o judiciário como uma entidade distante, corrupta e parcial. O WJP, ao fornecer evidências científicas dessa percepção, dá legitimidade às críticas de milhões de brasileiros que clamam por reformas urgentes.
Não é à toa que propostas como a PEC Antiprivilégio, apresentada pelo deputado federal Kim Kataguiri, ganham cada vez mais apoio. A iniciativa, que visa acabar com os penduricalhos e excessos do judiciário e da classe política, já conta com cerca de 90 assinaturas, aproximando-se do mínimo necessário para tramitar no Congresso. Reformas como essa são cruciais para restaurar a credibilidade da justiça brasileira e criar um sistema que seja, de fato, acessível e justo para todos.
O exemplo do Chile
Se o Brasil é o lanterna em imparcialidade judicial, o Chile se destaca como um exemplo a ser seguido. O país alcançou uma das melhores pontuações no ranking do WJP, com um judiciário mais focado, eficiente e alinhado às demandas da população. Lá, o foco na segurança pública e na resolução de conflitos é evidente, reforçando que um sistema justo e enxuto não só é possível como também traz benefícios diretos à sociedade.
O contraste é gritante: enquanto o Chile prioriza uma constituição enxuta e funcional, o Brasil patina em um mar de privilégios e interesses corporativistas. É urgente que o Brasil olhe para modelos bem-sucedidos e implemente reformas profundas que garantam um sistema mais igualitário e eficiente.
Para onde vamos?
A parcialidade do judiciário brasileiro não é apenas um problema moral; é uma questão estrutural que afeta diretamente a vida de todos os cidadãos. Quando um sistema jurídico é percebido como corrupto e parcial, ele deixa de ser um pilar da democracia e se torna um obstáculo à justiça social.
É preciso coragem para encarar os privilégios do judiciário e realizar as mudanças necessárias. Que o Brasil não se limite a reconhecer seus problemas, mas transforme a indignação popular em ações concretas. Afinal, uma justiça parcial não é justiça — é apenas um reflexo das desigualdades que ela deveria combater.
A esperança reside na pressão da sociedade civil e na capacidade de nossos representantes de priorizar o interesse público. O Brasil não pode mais se dar ao luxo de ignorar a crise em seu sistema judicial. Que o clamor por justiça seja mais forte do que o silêncio dos privilegiados.