Grahambell

Por Lindolfo Junior
Nos anos 2000, quando as mensagens mais rápidas e comuns eram os torpedos, a mineira Grahambell deixou para trás Piumhi, MG e, em sua veloz motocicleta roxa, mudou-se para Franca, SP.
Acomodou suas coisinhas numa bela casa perto da avenida Bem-Te-Vis e, sem perder tempo, distribuiu currículos por toda a região. Mal terminara a semana e lhe deram oportunidade na entrega de torpedos, para início no sábado mesmo, onde os pedidos aumentavam sem freio e arreio.
Grahambell não tinha tempo ruim, nem com granizo ou as enchentes: atravessava tudo na sua roxinha sem pestanejar. Precisando de uma mensagem urgente no Portinari? Já estamos aí! Agora manda lá no Aeroporto? Se piscar, não vê chegar! São José, bem na Sete de Setembro, esquina da Rodoviária? Não dá tempo de uma risada!
Todavia, com a fama de excelente entregadora de torpedos aumentando, Grahambell começou a ter certa imprudência no intuito de manter seu incrível tempo de corrida. Acontece que outra pessoa também precisava fazer suas entregas e, inadvertidamente, estava atrasado.
Bem no cruzamento da av. Rio Branco com a rua General Telles, Grahambell mal encostou no freio para adentrar a descida em direção ao centro e, quando se deu conta, uma daquelas carroças que levam nuvens às regiões equatoriais, trombou com sua roxinha, passando com rodas e cavalo por cima. O condutor não parou para prestar socorro, virando na Gonçalves Dias e sumindo.
Chamaram ambulância e guincho. Grahambell e sua motocicleta ficaram de cama por muito tempo, ambas com sequelas: uma com alguns dedos tortos na mão esquerda; a outra engasgava na mudança de marchas.
Já não eram tão velozes, decididamente deixando o setor torpedista de lado e optando por entregar feijão tropeiro, receita da própria Grahambell. A notícia se espalhou e novamente a demanda veio apertar a agilidade da entregadora e também cozinheira.
Coitada, seu azar não tirava férias.
Uma encomenda no Jardim Riviera, num dia bonito de se ver, lhe fez entrar pela rua Antônio Parra Alarcon e, por causa do cheiro da comida, ser derrubada da roxinha por um faminto e saltitante salsicha.
Dessa vez, Grahambell teve apenas pequenos arranhões, enquanto o cachorrinho se fartava no feijão espalhado pela rua. Porém, a brava motocicleta, sem motorista, acabou descendo a rua, atravessando a av. Hélio Palermo e caindo dentro do córrego…
Ali foi o fim das entregas da Grahambell, que decidiu tentar algum serviço mais tranquilo como recepcionista ou algo assim.
Lindolfo Junior é:
Escritor?
Me chame de rabiscador, pois são linhas de incertezas as que minha mão se presta a colocar no papel…
@jhunnyor






Um conto no meio da tarde, leve e descontraido. Ótimo para dar uma aliviada no dia a dia corrido.
Nossa ! Gostaria muito de conhecer a Gramhambell ,que guerreira nessa roxinha hein , quantos desafios , lutas e muita coragem , ela foi uma vencedora corajosa . Esse escritor é o máximo , Parabéns, estou amando ler seus textos . Continue nos presenteando com seus contos 😄
Lindolfo, amei ver você transformando as ruas de Franca em cenário de contos assim. Você tem o dom de deixar o cotidiano mágico e caótico!
Parabéns, continue “rabiscando” porque a gente adora ler.
Grahambell é daquelas histórias que nos lembram que a vida real pode ser mais surpreendente que a ficção. Com humor, afeto e um olhar sensível para o cotidiano, o texto destaca a força de quem transforma tropeços em impulso e encontra sabor até nos dias mais difíceis. Uma leitura leve, rápida e deliciosa — do jeito que só a boa crônica francana sabe ser.
Comecei lendo com sorriso no rosto, e termino com lágrimas nos olhos. Amo ver suas histórias. Me enche coração mesmo que final me deixe triste por causa de uma moto roxa que se perdeu 😢. Rsrs. Mas falando em história ansiosa para mais e mais deste escritor maravilhoso que amo passar a tarde lendo seus contos 💕 com amor e carinho J.c
Que conto maravilhoso, seria muito tragico… se não fosse comico. Um conto pequeno que me arrancou 3 risadas altas, parabéns!!!
Lindolfo é daqueles raros escritores que não apenas colocam palavras no papel, eles fazem brotar mundos inteiros. Ele se chama de “rabiuscador”, mas a verdade é que suas rabiscagens carregam vida, força e um brilho único. Sua mente fértil transforma qualquer ideia em algo intrigante, delicado e profundamente humano.
Há talento de sobra no jeito como ele observa o mundo e o traduz em histórias que tocam, provocam e permanecem. Lindolfo tem essa habilidade rara de pegar o simples e torná-lo especial, de transformar pequenas faíscas em grandes narrativas.
Se ser rabiuscador é criar com a alma, então ele é um dos melhores que existem.
Nessa cidade, o trânsito nunca foi bolinho
Adorei, continue assim, você vai longe!!
Que conto bacana,adorei a istoria da Grahambell
Um conto MT descontraído parabéns ao escritor continue escrevendo e nos presenteando com eles .
Esse conto me fez sorrir!!!
Por favor, continue escrevendo.
Estou amando ler os seus contos!!!
Lindolfo, adorei ver você transformando as ruas de Franca em cenário de contos assim. Você tem o dom de deixar o cotidiano mágico e caótico!
Parabéns, continue “rabiscando” porque a gente adora ler.
Que lindo conto. Amei! Continue escrevendo mais contos como esse! Maravilha Lindolfo!👏
Tadinha da pequena Grahambell e sua motinha roxa. Amo contos assim que atrás das linhas tem lá seu fundido de verdade dentro da nossa realidade (bem dentro da nossa realidade não é mesmo? Haha) Tomara que Grahambell também se sinta feliz em seu novo emprego e seja menos trágico, talvez já tenha gasto toda sua onda de má sorte.
Amei esse conto! Continue escrevendo esses contos para divitir os leitores!!
Eu como motoqueiro senti um emaranhando de sentimentos, dó, receio, medo de salsicha saltadores…kkkk
Não sei como descrever o quanto a leitura desse conto me faz parar de prestar atenção a tudo a minha volta, talvez viage facilmente, talvez seja tão bom que nem vejo acabando… Possivelmente a segunda, com uma pitada da primeira…
Mas lhe declaro como meu “rabiscador” favorito, aguardo pelo próximo e muito mais!