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EUA – A disputa dos presidente idosos

Apesar de ser o mais idoso a ocupar o posto, o presidente estadunidense, Joe Biden, é, hoje, uma típica vítima do etarismo, termo recentemente popularizado, que identifica o preconceito e a perseguição aos indivíduos com mais idade. Depois de ter problemas no primeiro debate com o adversário Donald Trump, a quem venceu nas eleições de 2020, o governante é alvo de pressão dentro do próprio partido para desistir da reeleição. Apoiadores retiram o aporte e ele reage, reafirmando continuar na disputa.

Aos 81 anos, Biden diz sentir-se em plenas condições de concorrer e continuar governando a maior democracia do mundo. Fala que, no exercício do mandato, tem sua saúde testada todos os dias. Deveria lembrar-se e apontar, também, que, pelo critério da idade, seu concorrente, Donald Trump, de 78 anos não leva grande vantagem. Os que pregam a desistência, ao que tudo indica, não pretendem afasta-lo da disputa por questões de saúde, mas por outros interesses entre os quais até mesmo o estabelecimento de novas lideranças partidárias.

Antes de pressionar Biden a abrir mão do seu direito de reeleger-se – o que só pode se fazer uma vez nos Estados Unidos – os democratas que agora se revelam infiéis deveriam lembrar a semelhança cronológica com Trump, que é o segundo mais idoso a ter governado o país. E que, apesar da idade, ambos não fogem à regra mundial, onde é habitual o governante ser idoso, visto que para chegar lá, passa antes por outros postos – prefeito, governador, parlamentar, vice-presidente – ao final ficando pronto depois de longa jornada.

A história das eleições presidenciais norte-americanas revela que a maioria dos governantes do último século assumiu o mandato com idades entre 60 e 70 anos. Exceção a John Kennedy, que se tornou presidente aos 46 anos, mas não conseguiu terminar o mandato porque foi assassinado. A regra geral é governante mais idoso. Aqui no Brasil, temos hoje o presidente mais velho. Lula assumiu com 77 anos e ainda está embalando o desejo de reeleger-se e tornar-se o primeiro brasileiro a exercer quatro mandatos presidenciais. Mas, na outra ponta, também tivemos problema. Jânio Quadros e Fernando Collor, que assumiram depois de completar 40 anos, não terminaram o mandato. O primeiro renunciou e o segundo sofreu impeachment. Cada país tem sua legislação e hábitos eleitorais. Outro exemplo de presidente jovem que tende a terminar o mandato enfraquecido é o Frances Emmanuel Macron, de 46 anos, que acaba de sofrer revés nas eleições parlamentares que convocou em seu país.

Faz bem o presidente Biden ao defender o seu direito. Só deveria desistir da candidatura se realmente enfrentasse problemas de saúde. Renunciar só porque alguns querem o seu lugar, não é opção válida no meio político. Recordemos que sua participação no debate com Trump foi sub o efeito de medicamentos antecripais, que podem interferir na concentração mas não querem dizer incapacidade. Qualquer indivíduo sob efeito medicamentos pode ter problemas, mas isso não o desqualifica. Salvo melhor juízo, para ser presidente (mesmo dos Estados Unidos), o cidadão tem de possuir lastro e experiência política, honestidade e respeito pelo país. Não está escrito em lugar algum que também deva ser um atleta. E nem que precisa ser jovem; pelo contrário: não pode ter menos de 35 anos…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

É dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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