UM FILME: Vivir es fácil con los ojos cerrados
“Viver é Fácil com os Olhos Fechados” é um filme espanhol de 2013 escrito e dirigido por David Trueba. O filme ganhou seis prêmios Goya, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Principal Javier Camera. Foi selecionado como o representante da Espanha para o Oscar de melhor filme internacional 2015, mas não foi indicado. É inspirado na história real de Juan Carrión Gañán (1924-2017), um professor de inglês que em 1966 viajou a Almería, quando John Lennon visitou a cidade Andaluza para rodar o filme How I Won the War. O título foi inspirado na letra da canção Strawberry Fields Forever (“Living is easy with eyes closed”). O filme mistura imagens próprias do filme, intercaladas com imagens de arquivo dos Beatles e de Lennon rodando em Almeria.
POR QUE GOSTEI? Javier Camara é um ator excepcional. Devem lembrar da atuação dele em Fale comigo, de Almodóvar. E outros. Neste, é um professor de inglês que, através das letras das músicas dos Beatles, de quem é o maior fã (estamos na icônica década 60), ensina inglês para os alunos. Até então, os Beatles não publicavam as letras das músicas. E ele viaja para encontrar John Lennon em uma visita à Espanha e sugerir que se publique as letras das músicas para que se possa melhor compreender o sentido das músicas. Emocionante o trabalho do diretor em narrar esta história, real. Depois deste encontro, cheio de peripécias, do professor com Lennon, os discos – LPs – passam a ter encartes com as letras dos Beatles. Vale pelo nobre ofício e também pela interação do professor com dois adolescentes, uma aluna dele, e outro cabeludo rebelde, fugindo de um pai autoritário. Professor é um ofício complexo e vai muito além de se ensinar conteúdos de matérias…
UM LIVRO: Vamos comprar um poeta, Afonso Cruz. Porto Alegre: Dublinense, 2020.
POR QUE GOSTEI? Afonso Cruz é um escritor, realizador de filmes de animação, ilustrador, designer e músico português. Estudou na Escola Secundária Artística António Arroio, nas Belas Artes de Lisboa e no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira. Vive num monte alentejano perto de Casa Branca, no concelho de Sousel.(Wikipédia). Este livro é um primor. Uma garotinha pede de presente um poeta, que fica exposto junto com um grupo de poetas e tem seu valor dado como qualquer mercadoria. O pai não tem muito dinheiro e compra o poeta que passa a viver debaixo de uma escada na casa da garotinha e interage com a família através da poesia. A garotinha descreve como vê a família, o poeta, ele mesmo. Não dá para falar mais porque a ideia é genialmente simples e comporta uma dose grande de imaginação do leitor para pensar quanto vale um poeta e o significado da poesia e da presença da poesia na vida cotidiana em nossa cultura, tão materialista, e calculista, utilitária. (91 páginas). O autor arrola 14 poetas citados na narrativa, como se fossem do poeta-personagem comprado pela garotinha – 14 poetas! – dentre eles – Walt Whitman, Yeats, T. S. Eliot, Dylan Thomas, Teresa de Ávila, Szymborska, Bukowski, Robert Frost. Ganhou o prêmio da União Europeia para a Literatura. Não ficou curioso para ler?
