Breve reflexão sobre a melhor estratégia de investimento no momento

Mediante ao convite e oportuna provocação do editor de finanças do LinkedIn Notícias João José Oliveira, quero expor algumas reflexões sobre os possíveis passos para quem quer começar ou ampliar uma carteira de investimentos. Oliveira, considerou um objetivo de resgate a longo prazo, acima de cinco anos. De pronto, agradeço a oportunidade de comentar sobre este tema ao qual faz parte de minha carreira profissional.

Primeiro ponto que quero lembrar é que já estávamos em um cenário de guerra entre Rússia e Ucrânia, ocasião que teve início em março de dois mil e vinte um. Então, já havia um receio do mercado mundial frente a este enfrentamento entre as soberanias. Naquele período, diversas nações ficaram incomodadas e aplicaram sanções contra a Rússia, obrigando-a buscar novos parceiros comerciais. Pois bem, qual o efeito disso?

Com a perda de relacionamento comercial com a Rússia, houve um aumento de demanda em todo mundo por petróleo e gás, o que acarretou o aumento de preços destes commodities. Esse “bater de asas” gera efeito final em muitas cadeias. Neste período o mercado retraiu e os juros de países como Brasil ficaram altos. A indicação naquele momento era a ampliação da carteira em investimentos de renda fixa, dado a ausência ou mínimo risco de perda de capital.

Uma outra questão que quero ressaltar é que o mundo sempre esteve em situações de guerras. Lembro-lhes que há menção de bolsas de valores no século XVI. De lá pra cá houve diversos grandes conflitos entre países. Então, não há cenário perfeito no mundo dos negócios. A dinâmica do mercado já não é previsível em momentos de paz, imagina em cenário de guerra. É o que vivemos.

Não bastasse estamos com duas grandes guerras. Sempre ouvimos falar que nestes momentos de dificuldades surgem grandes oportunidades. O mercado não tem alma, o dinheiro é por si um “valor” inominado, capaz de legitimar catástrofes em prol do acumulo. E digo isso com pesar, inclusive sendo contrário a isso. Mas, o mercado brasileiro no último trimestre teve um ciclo de cortes da taxa SELIC que favoreceu as aplicações financeiras em rendas variáveis. Em contrapartida, o cenário internacional teve problemas em razão da política monetária americana.

Desta forma, o que paira é o cenário de grande incerteza do mercado neste momento. Eu não diria que o mercado de ações de renda variável seja uma boa opção neste momento para quem está começando a investir. Pois, a pessoa ainda não tem definido o perfil de investidor que é. Assim, corre muito risco além do natural no mercado, por não saber profundamente como funciona o mercado de ações de um investidor arrojado. Como já disse em outra oportunidade, dinheiro não leva desaforo (risos). Então é preciso cautela e estudo.

Particularmente, com muita razão e pouca emoção, diante a este cenário é difícil para quem esteja começando ou pensa em ampliar sua carteira de investimentos, fazer uma programação a longo prazo, sobretudo de cinco anos. Penso que deva fazer programações em prazos menores, usando o “ABC do investidor” que é a diversificação do capital. Sugiro que a opção da renda fixa até o primeiro semestre de dois mil e vinte quatro seja viável pela segurança e por saber qual será o rendimento. Não estou otimista com mercado financeiro no momento. As condições dessa aplicação de renda fixa são definidas previamente, e sua liquidez pode ocorrer quando precisar, de forma imediata. No campo da renda variável, para ainda quem queira arriscar com um percentual menor de seu capital – em torno de dez por cento, indico o fundo imobiliário.

Portanto, para quem quer começar ou ampliar uma carteira de investimentos até o fim deste ano, indico renda fixa até o primeiro semestre de dois mil e vinte quatro. E para quem quer dar início a renda variável, ainda sugiro o fundo imobiliário. Mas, tudo isso em um pensamento bastante conservador.