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Biden joga a toalha. Recomeça a corrida presidencial nos EUA

A carta, remetida no domingo pelo presidente Joe Biden à direção do Partido Democrata dos Estados Unidos, constitui a típica rendição ao fogo amigo. Desde os problemas frente ao adversário republicano, Donald Trump, no debate do dia 27/06, o chefe de Estado era exortado a desistir da reeleição a que tem o direito legal de concorrer. Alegavam seus parceiros partidários a identificação de problemas de saúde e comportamento. que baixariam sua competitividade. Depois de relutar e afirmar gozar de plena saúde, Biden anunciou a retirada e indicou a vice-presidente Kamala Harris para concorrer no seu lugar.
Mas, além da vice, o partido também considera a possibilidade de lançarem as candidaturas de Gavin Newson, Michelle Obama e mais sete democratas de prestígio. A carta de Biden reabre a corrida pela indicação presidencial agora com certeza de que o adversário será Trump, já lançado candidato republicano. Vingará a escolha do democrata que reunir melhores requisitos para obter a vitória.
Alvo de implacável perseguição no terreno judicial, Donald Trump viu sua situação melhorar, quando ganhou imunidade sobre condenação já proferida e a possibilidade de parar outros processos onde foi feito réu. A nova situação judicial, somada às dificuldades de Biden, o alçaram à condição de concorrente com grandes chances de vitória nas urnas. E os tiros do atentado sofrido no sábado passado (13/07) o fazem praticamente imbatível e estimulam sua nascente campanha eleitoral.
Trump faz a pregação de união e pacificação nacional e promete devolver ao Estado norte americano melhores condições na relação com o mundo. Seu discurso empolga. Agora, para terem chances de vitória, os democratas terão de encontrar mensagens que o contraponham e ganhem a adesão do eleitorado.
Donald Trump governou de 2016 a 2020, quando tentou a reeleição e perdeu nas urnas para Joe Biden. Biden, agora foi pressionado a deixar a disputa. Tanto um como o outro – no caso de Trump ser batido – não terá mais tempo para fazer o segundo mandato presidencial, uma praxe na legislação eleitoral daquele país. Octogenários, ambos não estariam em condições para um novo enfrentamento daqui a quatro anos, quando ocorrerá a próxima eleição presidencial dos EUA.
É uma situação relativamente parecida com a do Brasil. Aqui a reeleição para os cargos executivos não existia. Foi instituída nos anos 90. E já causou muitos dissabores. Além de favorecer a quem está no poder e dispõe da máquina para fazer sua campanha, ainda assim o coloca sob risco de ser denunciado pelos adversários por supostas tentativas de golpe de Estado para permanecer governando. Foi o que aconteceu tanto com Trump nos EUA (2020) quanto com Bolsonaro aqui no Brasil (2022). O presidente Lula faz hoje o seu terceiro mandato presidencial – fato inédito na política brasileira – e sofre questionamentos diversos sobre sua atuação. Bolsonaro, acossado judicialmente, está inelegível. E o Congresso Nacional tem em tramitação projeto que objetiva eliminar a reeleição para cargos executivos (presidente da República, governador de Estado e prefeito municipal). As semelhanças não constituem coincidência.
Pelos nefastos efeitos colaterais que causa, a reeleição é um grande inconveniente na vida política do País. É assim até nos Estados Unidos, grande bastião da democracia moderna. Esperamos que os norte americanos resolvam da melhor forma seus problemas de polarização política e que os congressistas brasileiros tenham a grandeza de, no menor tempo possível, acabar com a reeleição no Poder Executivo, essa moléstia que acomete nossa vida política. Precisamos de ordem e paz para conseguirmos o desenvolvimento e o bem-estar do povo…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

É dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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