Abandono e manipulação eleitoral LGBT
Recentemente, um episódio ocorrido em Franca chamou a atenção ao revelar o abismo existente entre a retórica e a prática de políticos que, ao longo dos anos, têm feito promessas eloquentes em prol das minorias.
O deputado estadual Guilherme Cortez, representante que se elegeu sob a bandeira dos direitos LGBT na cidade, tornou-se alvo de críticas da própria comunidade que ele dizia defender. O caso coloca em evidência uma questão maior: a instrumentalização das minorias pela esquerda no Brasil, que usa essas pautas como ferramenta política, sem realmente lutar por mudanças estruturais que melhorem a vida dessas populações.
No último encontro das paradas LGBT em São Paulo, um representante local do movimento fez um duro desabafo, criticando a ausência de Cortez em iniciativas relevantes para a comunidade. Há quase três anos, segundo esse porta-voz, o grupo tenta contato com o deputado e não consegue falar com o parlamentar. Enquanto a pauta LGBT é utilizada em períodos eleitorais para angariar votos, o deputado se distancia das demandas reais da comunidade quando as câmeras estão desligadas e o período de campanha passa. Os assessores de Cortez, conforme relatado, chegaram a afirmar que o deputado “não teria interesse” em ajudar nas questões locais. Uma indiferença que se torna ainda mais gritante quando, no dia da parada, o deputado faz questão de aparecer para distribuir adesivos, panfletos e, claro, pedir votos. O porta-voz do movimento não mediu palavras e afirmou que a comunidade LGBT de Franca “não é só um voto, não é só um número” que o Deputado pode instrumentalizar em anos eleitorais”.
É melhor ver o vídeo:
A crítica gravada, e de conhecimento das lideranças do coletivo, reflete uma realidade que vai além de Franca. Na política brasileira, as esquerdas, especialmente partidos como o PSOL, se especializaram em utilizar as pautas sociais como trampolim eleitoral. A defesa de minorias é um discurso atraente, capaz de mobilizar e engajar eleitores, mas que, na prática, não se traduz em avanços concretos. Propostas de políticas públicas que poderiam, de fato, transformar a vida de grupos historicamente marginalizados são frequentemente esquecidas ou deixadas de lado em favor de discursos inflamados, mas vazios.
O jogo da esquerda e o adestramento das minorias
A postura de Guilherme Cortez em Franca não é um caso isolado. Ela exemplifica uma estratégia mais ampla da esquerda brasileira. Partidos desse espectro político têm adotado um discurso que divide a sociedade ao invés de uni-la, separando os “oprimidos” dos “opressores” e criando uma narrativa em que as minorias precisam ser “protegidas” pelas forças progressistas. No entanto, o que realmente está em jogo é o controle ideológico dessas minorias.
Essa estratégia funciona assim: ao convencer grupos sociais vulneráveis de que suas únicas chances de progresso dependem da tutela de partidos de esquerda, esses políticos perpetuam uma relação de dependência. A esquerda se posiciona como a “salvadora” dessas populações, criando uma falsa dicotomia em que qualquer um que discorde dessa visão é imediatamente rotulado como traidor ou inimigo da causa. O objetivo é claro: manter as minorias adestradas, vendo nos políticos de esquerda seus únicos guias e protetores.
Mas o cenário está mudando. Nos últimos anos, vimos o surgimento de grandes lideranças políticas vindas de minorias que desafiam esse monopólio ideológico. O deputado Guto Zacarias, no estado de São Paulo, e Sandro Filho, na Bahia, são exemplos de figuras públicas que pertencem a grupos historicamente representados pela esquerda, mas que abraçaram uma agenda de direita. Ambos fazem parte do Movimento Brasil Livre (MBL), uma das forças políticas mais ativas da direita brasileira. O fato de líderes como Zacarias e Sandro ganharem destaque revela que as minorias estão começando a entender que têm autonomia para escolher qual ideologia melhor representa suas aspirações.
Essa ruptura é incômoda para a esquerda, que responde de maneira previsível, atacando e excluindo aqueles que ousam pensar fora da caixa. Quando uma pessoa LGBT ou negra decide apoiar uma política mais alinhada à direita, imediatamente passa a ser vista como “traidora” da causa. É como se a esquerda tivesse o direito de definir como cada indivíduo desses grupos deve pensar, agir e se portar, e qualquer desvio dessa norma ideológica é tratado com agressão e isolamento.
Retórica vazia e as consequências reais
A verdade, porém, é que esse controle está ruindo.
Cada vez mais as pessoas estão percebendo que são plenamente capazes de formar suas próprias opiniões e decidir qual proposta política melhor representa suas necessidades. Não há mais espaço para discursos paternalistas que tratam minorias como massas homogêneas, incapazes de pensar por si mesmas. Esse despertar é saudável e necessário para a democracia.
O caso de Guilherme Cortez em Franca apenas escancara o esgotamento dessa estratégia de instrumentalização. A comunidade LGBT local que já deu vários sinais de insatisfação com a atuação do deputado, não está mais disposta a ser usada como peça de marketing eleitoral. Ao ser ignorada em suas demandas mais básicas e depois cortejada nos momentos de campanha, a comunidade percebeu que o apoio prometido não passa de um discurso vazio.
Se a esquerda, especialmente aquela representada pelo PSOL, continuar insistindo em tratar as pautas sociais como meros slogans eleitorais, corre o risco de perder ainda mais espaço para novas lideranças que, mesmo vindas das minorias, não se rendem ao dogmatismo ideológico. O fato é que, enquanto discursos como o de Cortez continuam dividindo a sociedade e perpetuando o ciclo de promessas não cumpridas, a realidade das minorias só piora. Projetos de lei que realmente poderiam transformar suas vidas ficam parados ou sequer são propostos, enquanto o foco permanece no discurso inflamado que rende curtidas nas redes sociais, mas nenhuma mudança concreta.
O futuro das minorias
É hora de inverter essa lógica. O Brasil precisa de políticos e de agentes políticos comprometidos com propostas que realmente melhorem a vida das pessoas, e não apenas com retórica eleitoral. Em Franca, a comunidade LGBT já deu seu primeiro passo, deixando claro que não será mais instrumento de poder para políticos como Guilherme Cortez. Agora, cabe aos eleitores de outras regiões também questionarem: quem realmente está lutando por mudanças? Quem está disposto a ir além do discurso e fazer a diferença na prática?
Afinal, as minorias não precisam de salvadores que as mantenham sob controle ideológico. Elas precisam de representantes que reconheçam sua autonomia, sua capacidade de pensar e agir de acordo com suas próprias convicções. Isso é democracia, e é disso que o Brasil precisa; e toda a sua gente.
Dr. João Pedro Cardoso