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A Queda de Alexandre de Moraes

Nos últimos anos, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), consolidou-se como uma das figuras mais polêmicas do cenário político brasileiro. Sua postura firme e, por vezes, autoritária, foi inicialmente aclamada por setores que enxergavam em suas ações uma defesa intransigente da democracia contra supostos inimigos, especialmente os bolsonaristas. Contudo, a estratégia de Moraes de não recuar diante das críticas, somada à perda de apoio de elites importantes do país, tem colocado em xeque sua posição e está o aproximando de sua queda.

O Embate com Elon Musk: Um Novo Capítulo na Crise

O mais recente embate entre Moraes e o CEO da X (antigo Twitter), Elon Musk, trouxe à tona a fragilidade da estratégia adotada pelo ministro. No último mês (agosto/2024), após Musk dissolver o escritório da X no Brasil e se recusar a cumprir ordens de censura contra seus usuários, Moraes tomou medidas drásticas. Uma dessas foi o bloqueio de contas bancárias de outra empresa na qual Musk, sequer é o administrador, possuindo apenas parte das ações: a Starlink, provedora de internet via satélite.

Essas ações, totalmente ilegais e que extrapolam a jurisdição do STF, têm sido criticadas internacionalmente. Inclusive, veículos de comunicação de renome, como o The New York Times, passaram a questionar as atitudes do ministro, enxergando nelas um atentado à liberdade de expressão. Esse confronto com Musk, uma das figuras mais influentes do mundo empresarial, pode ser um divisor de águas na trajetória de Moraes, pois expõe suas fraquezas e limitações, além de abrir frentes de batalha em esferas antes intocadas.

A perda de apoio das elites.

Historicamente, a força de Moraes advinha do apoio que recebia de setores poderosos, que viam nele um bastião contra o avanço de ameaças antidemocráticas. No entanto, a percepção de que o bolsonarismo já não representa um grande perigo como antes, fez com que parte dessa elite começasse a repensar seu apoio ao ministro.

O episódio ocorrido em abril envolvendo o renomado criminalista Alberto Toron é emblemático. Moraes, ao tratar Toron com desrespeito e desprezo, não apenas iniciou um novo embate, mas também alienou uma parcela significativa da advocacia brasileira, que vê em Toron um dos seus representantes mais proeminentes. Esse conflito demonstra como a postura combativa de Moraes, antes vista como necessária, agora começa a ser percebida como excessiva e contraproducente.

O desgaste da estratégia de força

A estratégia de Moraes baseia-se na ideia de que, para preservar a democracia, é necessário usar de força e, em alguns casos, medidas que podem ser consideradas ilegais. Essa visão, amplamente aceita em determinados momentos, começa a sofrer desgaste. À medida que o tempo passa, fica evidente que a manutenção da democracia não pode se sustentar por meio da arbitrariedade, mas sim pelo respeito às leis e à Constituição.

A crescente oposição às atitudes de Moraes é um reflexo desse desgaste. Sua estratégia, que antes lhe conferia poder, agora o isola. A lista de inimigos cresce, e o apoio diminui. O que era visto como um enfrentamento necessário aos “inimigos da democracia” agora é questionado por se tratar de um excesso de poder.

O destino de Moraes é incerto, mas o fato é que ele já não é visto como o defensor incontestável da democracia.

Reflexões Sobre a Democracia Brasileira

O caso de Alexandre de Moraes nos leva a uma reflexão mais ampla sobre a democracia no Brasil. Em um país onde a confiança dos eleitores é dominada por figuras como Lula, Bolsonaro, Pablo Marçal, Boulos, entre outros que têm como prioridade seus interesses pessoais e não se importam em enganar a população para alcançá-los, é natural que surjam “salvadores da pátria” como Moraes. No entanto, essa dependência de indivíduos para a manutenção do sistema democrático revela uma falha estrutural: a democracia brasileira ainda é imatura e suscetível a personalismos.

A questão que se coloca é se o Brasil está condenado a viver sob a tutela de figuras que, ao invés de fortalecerem as instituições, acabam por centralizar o poder em si mesmas. A história recente do país mostra que, enquanto a política for conduzida por pessoas moralmente pouco virtuosas, extremamente ignorantes e profundamente egoístas, o fracasso será uma constante.

Dr. João Pedro Cardoso

Bacharel em Direito (Faculdade de Direito de Franca – 2015 a 2020). Cursando o 2° ano da Academia MBL. Trazer uma visão crítica e fundamentada sobre os acontecimentos políticos por meio de análises embasadas na realidade. Meu objetivo é contribuir para o jornal com uma abordagem que fuja do pensamento dualista e promova uma discussão construtiva.

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