No seu ensinamento, Jesus alertou a multidão sobre o comportamento dos doutores da Lei, pois ostentavam riqueza e prestígio às custas dos mais pobres (cf. Mc 12,38-40). A seguir, no Templo, observou e elogiou uma pobre viúva, que colocou no cofre “duas pequenas moedas, que não valiam quase nada” (Mc 12,42). Um gesto despercebido por tantos peregrinos e outras pessoas que frequentavam o Templo. Para ele foi uma ação louvável, ao ponto de comentar o fato com os discípulos: “Esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver” (Mc 12,43-44). Ela deixou-se abandonar em Deus, confiando no seu poder e na sua ação: o Senhor foi a sua segurança e a sua riqueza.
Outra viúva, privando-se do necessário, foi capaz de acolher o profeta Elias, experimentando a graça da retribuição divina (cf. 1 RS 17,10-16).
Jesus elogiou a pobre viúva pela sua humildade, mas ele é para nós o melhor modelo. “Se procuras um exemplo de humildade, contempla o crucificado”, nos ensina Santo Tomás de Aquino. É um exemplo a ser seguido, exorta o apóstolo Paulo (cf. Fl 2,1-11).
A humildade é uma virtude fundamental na vida do ser humano, um remédio para curar as feridas provocadas pelo nosso orgulho. Ela nos coloca numa atitude de abertura e solidariedade com o outro.
Olhando para Cristo, o sacerdote da Nova Aliança (cf. Hb 9,24-28), que “entrou uma só vez no verdadeiro santuário do céu…com uma oferta que expiou e aboliu o pecado uma vez por todas” (Missal Dominical), procurando ter os seus mesmos sentimentos, o cristão procura o caminho da unidade, da harmonia interior, do amor fraterno e da humildade. A nossa confiança está em Deus e a ele devemos oferecer o que temos de melhor. Podemos oferecer os dons que recebemos, o nosso sorriso, um pouco do tempo que temos, uma palavra amiga, uma visita cordial, um perdão sincero, um gesto de caridade.
“O Senhor é fiel para sempre”(Sl 145,7).
Dom Paulo.
