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Como ovelhas entre lobos

O cristianismo não é uma religião esotérica e iniciática; não há verdades secretas ou ocultas, reservadas para alguns poucos selecionados. A manifestação do Filho do homem, na plenitude dos tempos, é uma revelação universal que deve ser levada ao conhecimento de todos. 

Mateus no seu Evangelho nos diz que podemos correr o risco de ter medo do julgamento das pessoas, a ponto de não conseguirmos levar uma vida coerente com o credo que professamos. E por causa disso, acabamos por fazer concessões para não ir contra a corrente de uma mentalidade que nada tem a ver com o cristianismo.

O testemunho do cristão deve ser corajoso e sincero: uma opção de vida, sem vacilações nem concessões. “Reconhecer” Jesus diante dos homens significa confessar abertamente a fé, apesar da perseguição; “ser reconhecido” por Ele diante do Pai que está nos céus significa ser acolhido na glória do seu reino. O risco terrível para o cristão é o de se envergonhar do Evangelho (cf. Rm 1, 16): «Quem se envergonhar de mim e das minhas palavras… também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na sua glória” (Mc 8,38).    

É que os discípulos, enviados por Jesus “como ovelhas entre os lobos” (Mt 10,16), na sua missão encontrarão perseguições, obstáculos, inimizades. Eles serão tentados a cair no medo, mas saberão extrair motivos de confiança do ensinamento que Jesus lhes transmitiu em segredo, na intimidade, partilhando com eles a sabedoria do seu próprio coração (Mt 10,26-27). As palavras de Jesus parecem querer manter viva nos discípulos a memória da sua proximidade, do seu cuidado, do seu amor por eles. Só assim poderão confiar mesmo nas tribulações e vencer o medo com amor.

A fé é uma luta ativa contra o medo: assim é para o profeta Jeremias e para os discípulos de Jesus: a fé exige coragem. Jesus exorta os discípulos a não “temer” quem pode persegui-los, quem se opõe ao seu testemunho e à sua pregação. Para o discípulo, como para o profeta, o medo supera-se pela confiança no Senhor, pela consciência da sua proximidade (Jr 20,11), pela fé no seu amor que se encarrega dos mínimos detalhes da nossa vida (Mt 10,11. 30).

 Perguntemo-nos honestamente: “Alguma vez fui tentado a ter vergonha ou medo de dar testemunho da minha fé e de alguma forma mantive a palavra de Deus escondida? Nunca experimentei a alegria de quem, apesar de sofrer em meio a tantas incompreensões, permanece ancorado em Cristo?”. O santo cardeal John Henry Newman escreveu: “Se existimos para grandes projetos, somos chamados também a correr grandes perigos”. 

Fonte: Potal Cerco il Tuo Volto, Missionários do Caminho e P. Jesús GARCÍA Manuel.

Pe Mário Reis Trombetta

É vigário da Paróquia Cristo Rei, em Orlândia. Já atuou nas Paróquias Santana, São Crispim e Santa Rita de Cássia, em Franca. Fez Filosofia na Capelinha, com os Agostinianos e, em 1992, seguiu para Florença, Itália, e posteriormente, Madri, na Espanha, para concluir seus estudos. Retornou a Franca em 96 e foi ordenado padre em 98. Completa este ano 23 anos de sacerdócio.

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