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Psicólogo Douglas Buzoni orienta pais sobre o desenvolvimento da sexualidade nas crianças

          Um tema que ainda é muito cercado por tabus e receios por parte dos adultos são as brincadeiras de cunho sexual feitas pelas crianças. Muitas pessoas procuram ignorar o tema, outras, ao perceberem que seus filhos começam a brincar com partes do seu corpo ou a falar sobre elas, imediatamente buscam meios de repreendê-los, na intenção de fazer a prática cessar, sem conseguir abordar a situação com naturalidade.

O psicólogo Douglas Buzoni explica que esse é, de fato, um tema deve ser tratado com cautela, mas que não deve ser evitado. “É preciso ter em mente que as crianças estão em fase de descoberta, de si e do mundo ao seu redor, incluindo o seu próprio corpo. O diálogo com a família é uma das principais ferramentas das quais a criança deve dispor para ter um desenvolvimento intelectual e emocional saudável. Se a criança vem apresentando curiosidade sobre o próprio corpo e até o das outras pessoas, a melhor saída é conversar com ela a respeito, de modo franco e dentro do que o vocabulário da  criança comporta”.

Buzoni é também escritor e tem livros publicados que abordam o desenvolvimento da personalidade e o autoconhecimento. Em Consciência Emocional: o Manual do Paciente (Autografia, 2021), ele faz alguns alertas sobre sofrimento, ansiedade e sobre problemas atrelados. “A ansiedade é uma resposta emocional à angústia, ao sofrimento e aos medos vinculados a ele. Geralmente as pessoas, tanto adultos quanto crianças, buscam meios para lidar com tudo isso. É preciso estar alerta para comportamentos estranhos que talvez as crianças possam começar a ter, sobretudo se tiverem ligação com a esfera sexual. Não é incomum que crianças que tenham sofrido algum tipo de abuso comecem a expressar seu sofrimento por meio de suas ações. Isso difere do interesse rotineiro por conhecer melhor o próprio corpo e o das outras pessoas; isso é um indicativo de grande sofrimento e um pedido de socorro”, disse o especialista.

O psicólogo completa dizendo que é preciso que a família esteja atenta a alguns sinais que a criança pode apresentar. “Eles são um indicativo de que algo de errado possa estar acontecendo com a criança e de que ela esteja pedindo ajuda, tais como:

– Mudança repentina no comportamento, isto é, a criança apresentava predominantemente um temperamento e um padrão de reações e, “de repente” ela muda drasticamente;

– Presença de brincadeiras diretamente sexualizadas, principalmente com outras crianças;

– Medo repentino de adultos;

– Medo repentino de algum adulto em específico;

– Agressividade sem causa aparente;

– Surgimento de hematomas diversos, principalmente nas partes íntimas”.

Ainda de acordo com Douglas Buzoni, o ambiente escolar é um ótimo local para que a observação seja feita. “Na escola a criança tem – ou pelo menos deveria ter – liberdade para ser ela mesma, para se expressar como melhor lhe parecer, principalmente em momentos de jogos e brincadeiras com seus pares de idade. No ato de brincar, a criança traz suas verdades mais profundas, independente de serem amistosas ou não. É preciso que os adultos, em particular os professores e psicólogos escolares, estejam atentos aos sinais que as crianças irão demonstrar enquanto brincam. E se estamos falando de crianças mais novinhas, as da educação infantil, por exemplo, nas atividades de ‘desenho livre’ podem ser encontradas as respostas para muitos dilemas enfrentados pelos profissionais quanto ao comportamento das crianças. Caso algo estranho seja percebido (e se isso se tornar frequente), como desenhos onde frequentemente os personagens expõe seus órgãos genitais e/ou no desenho haja uma cena onde uma figura ‘monstruosa’ ameaça alguém menor ou mais novo, é necessário entrar em contato com a família da criança para melhor investigar o ocorrido. E, claro, se os profissionais receberem o relato espontâneo da criança sobre alguma situação de abuso, as autoridades locais devem ser acionadas”.

Douglas Buzoni é psicólogo e escritor. Autor do livro “Consciência Emocional: o Manual do Paciente” (Autografia, 2021) e coautor dos livros “Melanie Klein 60 Anos Depois: Reflexões e Vivências” (Autografia, 2021) e “Educação na Pandemia: Perspectivas Sobre a Realidade Brasileira” (CRV, 2021).

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