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Histórias do bicentenário: quem vivia em Franca antes dos colonizadores?

O portal Notícias de Franca publica hoje a quarta parte de uma série de textos especiais em homenagem ao bicentenário de Franca.

Os artigos contam a história da cidade, desde quando era apenas um pouso dos bandeirantes, ainda no século XVIII, até os dias atuais.

O projeto é de autoria de Isa Marguilet. Ela fez detalhada pesquisa nos acervos do museu de Franca, nos sites oficiais e deu se toque pessoal para recontar a história da nossa cidade. Acompanhe, compartilhe com os amigos, com as crianças… É um jeito gostoso de descobrir ou redescobrir a nossa Franca.

Semana passada, falei sobre como Franca evoluiu de uma vila para se tornar uma cidade. Isso me deixou curiosa sobre quem vivia aqui antes dos colonizadores. Conversei com o acadêmico Leonardo Santana, que é descendente direto dos familiares do Capitão Anselmo e tem uma árvore genealógica para mostrar. Ele me contou que sua tataravó era índia e se casou com um parente do Capitão Anselmo. Fiquei surpresa! Ele também me mostrou registros históricos de 1791, quando o primeiro fundador de Capim Mimoso, Capitão Mor Leonel de Almeida, fez os primeiros registros sobre essa terra, falando sobre sua geografia e seu povo. Ficou curioso? Faça uma visita ao Museu de Franca José Chiachiri, onde há um acervo interessante sobre nossa história.

E aqui está um resumo de um livro fascinante: Os Primórdios da Franca. O livro documental se chama “Documento digital”, enviado pelo acadêmico Leonardo Santana.

Em “Os Primórdios da Franca”, os povos originários (indígenas) são tipo os atores principais da História da região. Antes dos colonizadores chegarem com suas bagagens e sotaques, a área onde hoje é Franca era uma colônia super bem organizada dos povos originários de várias tribos, cada uma com suas culturas, costumes e modos de vida únicos e bem organizados.

Foto desenho representando uma Índia feita pelos alunos do 8 A da Escola João Marciano de Almeida, em 2023 . A modelo foi Isa Marguilet

Os povos originários locais eram os Caiapós e os Guaranis, viviam uma vida bem sustentável: caça, pesca, coleta e várias hortinhas nada básicas para a sobrevivência das adeias. Eles conheciam a natureza como ninguém e sabiam usar os recursos sem desperdiçar nada. Suas aldeias eram tipo uma grande família onde o conhecimento era passado de pais para filhos; existia respeito mútuo entre os habitantes e as tribos rivais, a vida deles era super organizadas e com fortes laços familiares.

Todos tinham suas regras e respeitavam o convívio em harmonia.

Imagem produzida por Guilherme Alvim utilizando IA

Mas como tudo que é bom uma hora termina, pois bem! No século XVIII, chegam os bandeirantes portugueses, cheios de planos e sem respeito algum pelos povos originário que por aqui já estavam fazia muito tempo. Abrindo caminhos, cortando árvores, brigando com os povos que aqui já moravam antes, e bagunçaram tudo!

As relações entre eles era uma montanha-russa de altos e baixos: ora faziam trocas e amizades, ora brigavam por território como se fossem cachorro e gato, disputando o mesmo espaço.

Foto produzida por: Guilherme Alvim utilizando IA

Os povos originários bem que tentaram manter suas terras, mas muitos acabaram sendo removidos, empurrados para áreas próximas a Franca ou transformados em mão de obra para os colonizadores. E como se não bastasse, as doenças europeias chegaram de mala e cuia, causando um verdadeiro apocalipse zumbi entre os indígenas, que não tinham imunidade nem vacina. Xiiiiiii!!!

Foto produzida por: Guilherme Alvim utilizando IA

Para piorar a situação, os colonizadores que chegaram achavam os povos originários muito primitivos e decidiram “educá-los” e impor-lhes uma religião. Que colonos bem informados, não é? Assim, as missões jesuíticas tentaram converter os indígenas ao cristianismo. Eles queriam “organizar” um povo que já era super organizado, introduzindo práticas e crenças totalmente diferentes da sua cultura. Muitos aspectos das culturas indígenas foram perdidos, mas, ironicamente, algumas práticas e conhecimentos ainda influenciam a cultura local até hoje. Bravo, colonizadores! Missão cumprida!

Foto produzida por: Guilherme Alvim utilizando IA

O livro documental termina nos lembrando que é super importante reconhecer e valorizar o legado dos povos originários na história de Franca. Afinal, eles são o principio de nossa cidade e dessa histórica, com sua riqueza cultural e resiliência diante de tanta briga por espaço. A presença e a influência indígena são peças-chave na formação da nossa cidade e de sua identidade atual.

‘Documento digital’ enviado pelo acadêmico Leonardo Santana

E assim termina o resumo desse livro fascinante. Que conta como começou a colonização dessa terra. Passando por muitas outras história até Franca se tornar uma cidade. Hoje, mais do que nunca, sinto orgulho dos meus antepassados e da minha origem, que mal são mencionados na história da cidade, mas que no começo cuidaram bem dessa terra que hoje chamamos de Franca. E francamente, que cidade linda! Até semana que vem. Com mais uma viagem ao passado!

Foto de Isa Marguilet (arquivo pessoal)

Isa Marguilet

É contadora de histórias, atriz, escritora, recreadora infantil e fundadora da Acim

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