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25 de julho, Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha

Neste dia 25 de julho celebramos o Dia da Mulher Negra Latina Americana e Caribenha. A data comemorativa tem suas origens ligadas a um importante evento histórico que marcou a luta por direitos e reconhecimento das mulheres afro-descendentes na América Latina e no Caribe.

Em 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, realizado em Santo Domingo, República Dominicana, foi proposta a criação de um dia dedicado a destacar as contribuições das mulheres negras da região. A escolha do dia 25 de julho é simbólica, pois coincide com a data da morte de Tereza de Benguela, líder quilombola e símbolo de resistência contra a escravidão no Brasil colonial.

A celebração deste dia também serve como um lembrete da necessidade contínua de combater o racismo estrutural e promover a inclusão e a justiça social para todas as mulheres afro-descendentes na América Latina, no Caribe e em todo o mundo.

Essa data visa promover a visibilidade e o empoderamento das mulheres negras, destacando suas realizações, ressaltando a importância da sua presença em todas as esferas da sociedade e incentivando a luta por igualdade de direitos. Visando celebrar esse dia conversamos com uma mulher preta que traz nas suas vivências cotidianas a luta pela promoção da igualdade social e acesso aos direitos de mulheres pretas na cidade de Franca.

Flávia Mildres nasceu em Franca, filha de Maria Aparecida e Flávio Mariano. E é ela própria quem narra um pouco de sua trajetória:

“A cidade moldou minha essência de luta e superação. Herdei da minha mãe a valorização do estudo e de meu pai, a importância do coletivo e da defesa dos direitos trabalhistas, especialmente no setor calçadista.

Desde cedo, o esporte foi um caminho de autoconhecimento e superação. Aos 13 anos, ingressei no basquete feminino de Franca, onde aprendi a visão estratégica e a adaptabilidade que hoje aplico em todas as áreas da vida. Em 2000, junto a um time totalmente francano, conquistamos o título dos Jogos Regionais, um marco de dedicação e trabalho em equipe.

Hoje, como mãe de Agnys Eduarda, atleta de destaque no atletismo nacional, vejo minha própria jornada refletida na dela. Agnys lidera o ranking nacional de lançamento de martelo e representa a força e a determinação que moldaram nossa família.

Minha trajetória profissional vai além da Educação Física. Sou gestora estratégica com especializações em Diversidade e Inclusão, Direitos Humanos e Relações Étnico-raciais pela USP. Acredito que a educação e a cultura são pilares fundamentais na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, e minha atuação se estende à pesquisa científica e à coordenação de projetos sociais focados no empoderamento de mulheres negras, crianças e adolescentes.

Como líder comunitária, minha influência vai além das quadras e salas de aula. Atuo como presidente adjunta do Conselho da Condição Feminina, liderando iniciativas de conscientização e combate à violência de gênero. Minha atuação é uma extensão natural do meu compromisso com a justiça social. Participo ativamente de fóruns, mesas de discussão, rodas de conversa e ações educativas com jovens e adolescentes, sempre promovendo a importância da equidade de gênero e da inclusão racial.

Acredito na importância de construir pontes entre diferentes grupos, reconhecendo e potencializando seus talentos para alcançar uma sociedade mais justa. Minhas experiências pessoais me levaram a lutar incansavelmente por políticas públicas que protejam e empoderem as mulheres, especialmente as negras.

Minha paixão pela cultura, que renasceu em 2021, fortaleceu ainda mais minha atuação. Através do Passeio Literário e das intervenções inspiradas na grande escritora Carolina Maria de Jesus, busco promover uma reflexão profunda sobre as questões raciais e sociais. O espetáculo premiado “Carolina Maria de Jesus: 110 Anos – A Escola” é um testemunho da importância de reconhecer e valorizar a contribuição das mulheres negras na construção de uma sociedade antirracista.

Neste Dia da Mulher Negra, Latina e Caribenha, celebro não apenas minhas próprias conquistas, mas também a luta contínua por igualdade e justiça. Minha jornada como líder comunitária é um testemunho vivo de que, com resiliência, determinação e solidariedade, podemos transformar desafios em oportunidades e inspirar outros a alcançar seu melhor. Que cada passo dado seja um avanço rumo a um mundo mais inclusivo e equânime, onde todas as vozes sejam ouvidas e respeitadas”.

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