Aniversário de FrancaEspeciaisSeções

Franca, 197 anos!!

O Arraial Bonito do Capim Mimoso faz 197 Anos!
Consta da história local que a elevação do povoado paulista “Arraial Bonito do Capim Mimoso” à categoria de Vila, e que mais tarde viria a se tornar a cidade de Franca, deveu-se a ameaças de um grupo de mineiros e de autoridades do Jacuhy e Aterrado, povoados de Minas Gerais situados próximos à fronteira com a região Nordeste de São Paulo. Os mineiros estavam insatisfeitos com a separação das terras em que praticavam agricultura e criação de gado pela fronteira com São Paulo e reivindicavam das autoridades que anexassem o território do Arraial à jurisdição de Minas Gerais. Preocupado com a defesa do território paulista, o Capitão-Mor Antônio Hipólito Pinheiro enviou carta ao General Antônio da Franca e Horta, Governador da Província de São Paulo, informando-o das provocações feitas pelos mineiros, produzindo um dos primeiros documentos oficiais a pleitear a elevação do nascente povoado à categoria de Vila, ainda no ano de 1805.

O nome pitoresco do povoado, “Arraial Bonito do Capim Mimoso”, parece não haver dúvidas, derivou do tipo de vegetação que predominava na região: cerrado alto ou cerradão, composto de árvores esparsas e da presença entre elas do capim conhecido como barba-de-bode, que se forma em touceiras arredondadas e separadas umas das outras.
O povoado começou a se formar por volta do ano 1760, no lugar em que se situa hoje o bairro de Miramontes, na zona Norte da cidade, e originalmente era designado de “Covas”. Surgiu como lugar de pouso para tropeiros e viajantes que se dirigiam para Minas Gerais, em busca de ouro, e para os Bandeirantes e outros aventureiros que iam para as Regiões Centro Oeste e Norte do país. E o lugar passou, então, a ser chamado pelos que por ali passavam de Arraial Bonito do Capim Mimoso.

Na carta enviada ao Governador da Capitania de São Paulo em razão das ameaças dos mineiros, em 1805, o Capitão-Mor Hipólito Antônio Pinheiro encerrava a mensagem com o seguinte fecho: “Belo Sertão da Estrada de Goiás, 05 de agosto de 1805”, conforme observa o Dr. Alfredo Palermo, em sua obra denominada “A Franca – Apontamentos Sobre sua História, Suas Instituições e Sua Gente”. Esta denominação – Belo Sertão da Estrada de Goiás acabou se tornando um dos nomes do povoado, ao lado de vários outros provisórios.

Situada na região Nordeste do Estado de São Paulo, no altiplano conhecido como serra da Franca a 1010 metros de altitude, distando por via rodoviária 400 km da Capital do Estado, Franca foi afetuosamente apelidada pelo Professor Carmelino Corrêa Júnior de a “Sentinela do Nordeste Paulista”, em artigo publicado no periódico “Franca em Revista”, em seu número 1, no ano de 1963, em referência à sua condição de guardiã da fronteira de São Paulo com Minas naquela histórica ameaça de invasão pelos mineiros.

O nome atual, Franca, é uma homenagem prestada ao Governador da Capitania de São Paulo, o General Antônio José da Franca e Horta, que após receber a carta do Capitão-Mor da Província, Hipólito Antônio Pinheiro, determinou providências para a conversão do povoado em Vila. Mas a demora no atendimento dessas providências fez com que o General Franca e Horta deixasse o posto de Governador antes da conversão do povoado na Vila Franca d’El Rey, como determinara em Portaria.

O cumprimento do ato foi efetivado por seu substituto, Lucas Monteiro de Barros, em solenidade de 28 de novembro de 1824, já não mais com a conversão do povoado em Vila Franca d’El Rey, mas em Vila Franca do Imperador, porque o Brasil já se tornara independente de Portugal desde 07 de setembro de 1822 e D. João VI havia retornado à metrópole, deixando em seu lugar o seu filho D. Pedro I como imperador do Brasil.
A professora Elza Helena Marqueti anota no seu trabalho “Franca, Geografia e História do Município, 2ª edição, brochura de 1992”, que restou como homenagem ao Capitão Hipólito Antônio Pinheiro, figurar como o fundador da cidade, por haver liderado o grupo de mineiros que pretendia mudar a fronteira de Minas para além da cidade de Franca, convencendo-os a se estabelecerem em na região com suas lavouras e pastagens, mas no território de São Paulo.

E podemos acrescentar que a pacificação foi tão bem-sucedida que, se perguntados hoje sobre a antiga pretensão de mudar a fronteira de estado, os milhares de mineiros que vivem por aqui responderiam, no máximo, com um evasivo: Uai… Ninguém pensa mais nisso não, sô!

Dr. José Borges

Advogado (Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Franca); especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil e em Direito Ambiental. Foi Procurador do Estado de São Paulo de 1989 a 2016 e Secretário de Negócios Jurídicos do Município de Franca. É membro da Academia Francana de Letras.

Um Comentário

  1. Parabéns pelo texto. Franca é resultado de uma grande e feliz simbiose entre povos e ideais. Sua população, como afirmava o saudoso prof. Dr. José Chiachiri Filho, formada inicialmente pelos entrantes mineiros a transforma hoje, talvez, na mais mineira de todas as cidades paulistas (O Cap. Hipólito Antônio Pinheiro era garimpeiro no Ribeirão do Ouro, Aterrado/Ibiraci; a Baronesa da Franca, Dona Maria Amélia de Vassimon, era filha de Dores do Aterrado/Ibiraci, os empreendedores Caleiros (Torquato e Higyno) construíram há 90 anos o Hotel da Piçarra em Ibiraci,) etc Parabéns a todos os francanos/mineiros (entre os quais me incluo) e votos de permanente progresso e valorização cultural de Franca e região.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo