Fórum da ONU Mulheres anuncia US$ 40 bi para combate à desigualdade de gênero
O fórum Generation Equality, organizado pela ONU Mulheres em parceria com os governos da França e do México, chegou ao fim nesta sexta-feira (2) com o compromisso de investir mais de R$ 40 bilhões (cerca de R$ 200 bi) no combate à desigualdade de gênero para os próximos cinco anos.
A organização do evento anunciou que governos participantes se comprometeram a investir US$ 21 bilhões, o setor privado US$ 13 bilhões e organizações filantrópicas mais US$ 4,5 bilhões. Além disso, as entidades que compõem a ONU também anunciaram investimentos de US$ 1,3 bilhão.
O evento reuniu chefes de Estado e de governo, órgãos internacionais e representantes da iniciativa privada e da sociedade civil para firmar acordos concretos para o cumprimento da chamada ODS 5, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de Igualdade de Gênero estabelecido pela ONU em 2015.
O programa é parte de uma lista de 17 metas globais que compõem a agenda internacional até 2030, adotada por todos os membros da ONU, inclusive o Brasil.
Os Estados Unidos, que foram representados no fórum por meio de um discurso virtual da vice-presidente Kamala Harris, anunciaram que investirão US$ 1 bilhão em ações de combate à violência doméstica e sexual no país.
O governo do Canadá anunciou que investirá US$ 100 milhões para a chamada Aliança do Cuidado, criada pelo México em março durante a primeira etapa do fórum internacional, cujo objetivo é fomentar e ampliar as redes de cuidado para crianças.
A ideia é mitigar o problema de sobrecarga feminina com o cuidado, principalmente dos filhos, um problema que foi agravado pela pandemia a ponto de ser chamado de “crise do cuidado”.
Além disso, o primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou em discurso durante a abertura do fórum, na quarta-feira (30) que mais US$ 30 milhões serão gastos em ações internas. “Milhões de mães canadenses poderão assim voltar ao mercado de trabalho”, afirmou.
Já aderiram à aliança, segundo a ONU Mulheres, 39 países.
O fórum Generation Equality deveria ter acontecido em 2020, para marcar os 25 anos da Conferência de Pequim, um marco da agenda internacional de combate à desigualdade de gênero. Adiado por causa da pandemia, ele foi realizado de maneira semipresencial em duas etapas em 2021.
A primeira ocorreu em março, tendo o México como anfitrião, e a segunda nesta semana, com a França capitaneando. Apenas a abertura foi realizada presencialmente, com a reunião de chefes de Estado e governo, do secretário-geral da ONU, António Guterres, a diretora-executiva da ONU Mulheres, Phumzile Mlambo-Ngcuka, e representantes de empresas e organizações interancionais.
O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou na abertura do evento que o coronavírus é um “vírus antifeminista”. Ele também disse que há forças patriarcais atuando no mundo que querem fazer regredir os avanços conquistados em direção à igualdade de gênero.
O avanço do conservadorismo e do autoritarismo no mundo foi tema do discurso de diversos líderes. “Ao redor do mundo, a democracia está em perigo”, afirmou a vice-presidente americana. “E quem é afetado quando democracias caem? Mulheres e crianças estão entre os mais afetados.”
A Folha mostrou que o Brasil ignorou os convites para participar tanto da etapa mexicana quanto da etapa francesa.
Mas nem só de países historicamente progressistas, como o Canadá, se fez o fórum. Governos de seis países africanos anunciaram que pretendem trabalhar em conjunto para acabar com práticas nocivas como o casamento infantil e a mutilação genital feminina. A aliança foi firmada pela Burkina Faso, Mali, Níger, Guiné, Togo e Benin.
Além dos compromissos governamentais, empresas como a PayPal, que se comprometeu com US$ 100 milhões, anunciaram que investirão dinheiro em ações de combate à desigualdade de gênero.
Uma das maiores quantias anunciadas veio da Bill e Melinda Gates Foundation, que se comprometeu a utilizar US$ 2,1 bilhões em ações nos próximos cinco anos.
A jornalistas convidados para uma conferência nos dias 16 e 17 de junho, a diretora-executiva da ONU Mulheres afirmou que o monitoramento da efetividade das ações se dará por meio de acompanhamento anual e de novas reuniões internacionais.