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Mulheres são maioria nas bolsas de mestrado e doutorado da Fapesp

Mulheres são maioria nas bolsas de mestrado e doutorado da Fapesp

As mulheres são maioria na concessão de bolsas de mestrado e doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), entidade vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI) do Estado de São Paulo. No ano passado, elas representaram quase 56% das bolsas de mestrado e 53% das de doutorado. Nessas duas modalidades, 9.237 bolsas foram concedidas a mulheres em 2024. Essa liderança manteve-se nos últimos 10 anos. 

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A Fapesp é uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. O apoio se dá por meio da concessão de Bolsas e Auxílios à pesquisa em todas as áreas do conhecimento, submetidos por pesquisadores de instituições de ensino superior e de pesquisa, públicas ou particulares, de órgãos públicos e de empresas sediadas no Estado de São Paulo. Em 2024, o repasse do Governo de São Paulo foi de R$ 2,2 bilhões, quase 16% maior do que no ano anterior.

No mestrado, as mulheres se destacam nas áreas de: Ciências Sociais Aplicadas (74%); Ciências Agrárias (72%);  Ciências da Saúde (69%); e Interdisciplinar (64%). Já no doutorado, as mulheres se destacam na área de Ciências da Saúde, representando 74,5% do total das bolsas concedidas pela Fapesp.

Aos 37 anos, Daphine Ramiro Herrera lidera um projeto de pesquisa que investiga a presença de microplásticos em camarões no litoral de São Paulo. Ela faz pós-doutorado na UNESP, no campus de Bauru, e recebe apoio do governo de São Paulo, por meio de uma bolsa da FAPESP. “O financiamento das agências de fomento é essencial para que a gente possa se dedicar integralmente à pesquisa. Sem esse apoio, eu precisaria ter uma outra fonte de renda e isso comprometeria o meu tempo para o desenvolvimento, como também a qualidade do projeto. É de extrema importância que a gente tenha esses órgãos de fomento financiando projetos de pesquisa no Brasil”, afirma Daphine.

Atualmente, parte do projeto de pesquisa de Daphine Ramiro está sendo desenvolvido na Escócia. Foto: arquivo pessoal

No estudo, a pesquisadora avalia os riscos ecológicos dessa poluição que podem trazer impactos para a saúde humana, considerando a ingestão desses animais pela população. Atualmente, parte do projeto de pesquisa está sendo desenvolvido na Escócia, com o objeto de identificar quais são os tipos de microplásticos encontrados nas amostras coletadas.

Daphine Ramiro Herrera destaca a importância de as mulheres continuarem seus estudos, especialmente na pós-graduação. “Vai possibilitar inúmeros benefícios às mulheres, como, por exemplo, a ampliação das oportunidades de carreira, o aumento da competitividade por melhores cargos. Além disso, a continuidade nos estudos proporciona uma autonomia financeira e isso inspira e impacta diretamente as gerações futuras. Quanto mais mulheres avançam na ciência, mais abrimos espaços para que outras também sigam esse caminho”, ressalta. 

Realização de um sonho

Bruna Stefanie começou a pesquisa durante o seu mestrado com bolsa da FAPESP. Foto: Marcelo S. Camargo/Governo de SP

Bruna Stefanie Silvério de Lima Slobosk, 35 anos, também se dedica exclusivamente à pesquisa. O seu estudo encontrou o primeiro coronavírus semelhante ao causador da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, na sigla em inglês) em morcegos na América do Sul. O estudo é uma colaboração entre pesquisadores dos estados de São Paulo, do Ceará e da Universidade de Hong Kong. Detectado em morcegos oriundos do Ceará, o novo vírus apresenta semelhanças com o causador da MERS, identificado em 2012.

“É muito gratificante ter essa descoberta no plano internacional. É a primeira na América do Sul. Estar à frente desse feito, como mulher, é algo que nem nos meus melhores sonhos, eu poderia um dia pensar que isso aconteceria”, afirma Bruna.

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Bruna começou a pesquisa durante o seu mestrado na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) com bolsa da FAPESP e atualmente faz doutorado na instituição. O interesse de ser pesquisadora começou em 2019, quando realizou um curso de especialização sobre vigilância laboratorial de raiva, no Instituto Pasteur, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. E em 2023, ingressou no mestrado. Ainda neste ano, ela irá para Hong Kong realizar uma parte de seu doutorado. 

“A ciência precisa dessa perspectiva e do olhar feminino. Da nossa resiliência, da nossa capacidade de inovação. A pesquisa, ao mesmo tempo que ela é desafiadora, é extremamente recompensadora”, destaca.

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