Lojas fazem malabarismo para segurar preço no Dia das Mães
DANIELE MADUREIRA
O Dia das Mães já não é mais o mesmo. De segunda data mais importante para o varejo nacional, só depois do Natal, a efeméride perdeu a vice-liderança nos últimos anos para a Black Friday, em novembro.
Isso não significa que os filhos, de maneira geral, estejam negligenciando a data, mas eles têm se mostrado menos animados a gastar muito. Aliado a esse comportamento, está a atual inflação em dois dígitos: dado mais recente do IPCA-15 mostrou uma alta acumulada de 12,03% em 12 meses, a maior desde novembro de 2003.
Daí o “malabarismo” de alguns varejistas e indústrias para tentar manter na comemoração deste ano o mesmo “preço de entrada” do ano passado: as opções mais baratas de presentes começam no mesmo patamar.
São os casos das bijuterias e acessórios Morana (R$ 39,90), da perfumaria L’Occitane (R$ 39,90) e da varejista de moda C&A (jeans a R$ 89,90). Para isso, vale diminuir um pouco a margem de lucro, renegociar insumos com fornecedores e até buscar matéria-prima na China. “Tivemos um aumento dos custos com matéria-prima, logística e frete no último ano. Mas nosso negócio é oferecer moda a preços competitivos”, diz o vice-presidente de vendas da C&A, Francislei Donatti. Segundo ele, a empresa foi atrás de tecelagens para uma negociação direta, a fim de trazer tecidos de fornecedores asiáticos para abastecer as confecções parceiras da marca no Brasil.
“Com isso, conseguimos adaptar nossos custos para este novo cenário e pudemos colocar jeans à venda, por exemplo, ao preço final de R$ 89,90, o mesmo do ano passado”, afirma. O mesmo tipo de negociação envolveu malharias, o que permitiu este ano a oferta de blusas a partir de R$ 20.
‘Filho quer preço baixo, mas também olha relação custo-benefício’
Segundo Donatti, apesar a preocupação de manter preços competitivos, a varejista tem observado uma procura por produtos com melhor relação custo-benefício -e não necessariamente os mais baratos.
“São peças versáteis, que podem combinar facilmente com outros itens do guarda-roupa, e também peças de alfaiataria, que são mais clássicas e, portanto, com maior vida útil”, afirma. No caso das peças de alfaiataria, o ticket médio fica acima dos R$ 200.
Outra tendência observada pela varejista é a procura por cores -algo que não é comum quando se trata da atual coleção outono-inverno, que costuma apresentar tons mais sóbrios. “Nossas peças coloridas [azul, lilás, rosa, roxo] têm saído bem. Acho que é uma reação ao período de quarentena, as pessoas querem expressar alegria.”
Na rede de bijuterias e acessórios Morana, com cerca de 280 lojas no país, a regra também foi respeitar o momento de aperto do bolso do consumidor e manter o preço de entrada da campanha de Dia das Mães do ano passado: R$ 39,90. São pulseiras, brincos e colares a partir deste valor. “Nós decidimos que era preciso entregar um bom sortimento no mesmo preço inicial do ano passado, senão o consumidor nem entra na loja”, diz Danilo Assumpção, diretor executivo do grupo Ornatus, que controla as redes de acessórios Morana e Balonê.
“O item mais barato é importante para atrair o comprador, que muitas vezes, no caso do Dia das Mães, acaba levando um presente de maior valor agregado”, afirma. Neste caso, o item de R$ 39,90 funciona como chamariz ou pode compor o presente mais caro com outra peça, diz.
Todas as peças da rede recebem um banho de ródio, que inibe processos alérgicos e aumenta a durabilidade. “O preço da matéria-prima também subiu e nossa alternativa foi diminuir a margem de lucro em algumas peças, ganhando em peças mais caras, de até R$ 400, e também fazer composições diferentes com pedrarias, para garantir um preço final competitivo”, afirma Assumpção.
A campanha da marca é estrelada pela apresentadora Ticiane Pinheiro e sua mãe, Helô Pinheiro.
Já na perfumaria L’Occitane au Brésil, com cerca de 200 pontos de venda no país, a escolha para manter presentes a preços baixos na campanha de Dia das Mães deste ano foi a renegociação com fornecedores, segundo André Abramo, diretor de comunicação da marca. A campanha é estrelada por Déa Lúcia, mãe do ator Paulo Gustavo, morto no ano passado em decorrência da Covid-19.
“Tentamos montar composições para sermos competitivos assim como no ano passado, com kits de cremes de mão e sabonete, por exemplo, a R$ 39,90”, diz o executivo. Muitas vezes, segundo ele, essas lembrancinhas são dedicadas a outras mães -sogras, professoras, amigas etc. “Mas a própria mãe costuma ganhar presentes de ticket médio maior”, diz Abramo.
Desconto na compra de carne pelo aplicativo e de eletroeletrônico pelo Pix Quem estiver disposto a oferecer um churrasco no Dia das Mães, pode aproveitar a campanha da marca Bassi, do grupo Marfrig, que está oferecendo desconto de R$ 40 a quem gastar pelo menos R$ 300 no aplicativo nesta semana.
Na rede de lojas de eletroeletrônicos e eletrodomésticos Fast Shop, com 86 pontos de venda no país, a expectativa é de um ticket médio de R$ 2.200, uma alta de 22% sobre o ano anterior (sem descontar a inflação).
“Apostamos no Pix, que oferece ainda mais descontos, mesmo em produtos com oferta, e acaba sendo vantajoso tanto para a loja quanto para os clientes”, diz Eduardo Salem, diretor geral de operações da Fast Shop. No Pix , o desconto costuma superar os 5%.
Entre os produtos com maior desconto este ano, estão os itens de informática, como webcams, mochilas e notebooks. Para o Dia das Mães deste ano, a LG lançou uma promoção para a loja online, que concede desconto de 5% na primeira compra, opção de parcelamento em até 12 vezes sem juros e frete grátis.