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Conheça as histórias de quatro ‘supercampeãs’ da rede estadual de São Paulo

Conheça as histórias de quatro ‘supercampeãs’ da rede estadual de São Paulo

O último ano na escola costuma ter um ar de despedida. Mas para quatro ex-alunas da rede estadual de São Paulo, a 3ª série do Ensino Médio foi de conquistas. Ana Laura, Inara, Julia e Rainne se formaram em dezembro de 2024 e, antes, participaram e venceram competições e iniciativas da Secretaria do Estado de São Paulo (Seduc-SP). Olimpíadas de Matemática? Ouro. Olimpíadas de Redação? Ouro. Provão Paulista? Aprovadas. Vestibular? Aprovadas. No Dia Internacional das Mulheres, conheça a história das ‘supercampeãs’ da rede paulista de ensino.

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Monitoria e cursos de férias da Unesp

Ex aluna Rainne Pereira Carvalho
Rainne foi aprovada no curso de Ciências Biológicas da Unesp. Foto: Divulgação

Até entrar no Ensino Médio, Rainne Pereira Carvalho, de 18 anos, tinha certeza absoluta de que seria engenheira química. A convicção caiu por terra quando começou a participar das aulas extraclasses no laboratório de biologia da Escola Estadual Virgílio Capoani, em Lençóis Paulista. “Eu era a única da 1ª série. No ano seguinte, todo mundo saiu e eu continuei. Virei monitora da professora Marinez dos Santos, fizemos trabalho de campo, trilhas com os estudantes e participei de um curso de férias sobre botânica na Unesp. Daí, passei a criar gosto pela área e decidi concorrer a uma vaga”, conta. Rainne foi aprovada no curso de Ciências Biológicas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Botucatu pelo Provão Seriado Paulista.

Embora admita ter mais proximidade com as disciplinas de exatas, a estudante foi medalhista de ouro da Omasp (Olimpíada de Matemática do Estado de São Paulo) e repetiu a façanha na Redasp (Olimpíada de Redação do Estado de São Paulo) — duas iniciativas lançadas pela Seduc-SP no ano passado. “Eu estava treinando bastante para a redação no vestibular. Mas não esperava ser medalhista, ainda mais de ouro”, diz. O que ela fez com as medalhas? “Por enquanto estão no meu quarto, mas tenho certeza de que minha mãe gostaria de colocar na sala. Ela fala para todo mundo ‘minha filha ganhou isso, ganhou aquilo’. Meus pais sempre me deram muito apoio, me levaram em várias feiras de profissões no último ano da escola e estão felizes com as minhas conquistas”, conta Rainne, que é a primeira da família a cursar o ensino superior e planeja fazer licenciatura para também dar aulas.

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Sobre o motivo de chegar tão longe, a jovem tem uma pista. “Eu acho que nós mulheres temos algo a mais. Sem dúvida, temos mais determinação. Eu vejo no meu grupo de amigos. As meninas não desistiram até o nome delas aparecer entre os aprovados do Provão. Já os meninos nem ligaram mais depois da segunda lista”, lembra.

Treinos de redação para Enem e Provão

“A escola sempre me ajudou muito. Mas chegava em casa e estudava um pouco mais. Há um pouco de pressão da sociedade para gente se formar, trabalhar. Na minha sala, eu via que nós sempre éramos as mais interessadas em aprender além”, diz Ana Laura do Prado Costa, de 18 anos. Ana é ex-aluna da Escola Estadual Doutor Pio Antunes de Figueiredo, em Lourdes, região de Birigui. A unidade é a única da rede estadual da cidade. Foi lá onde ela e a irmã mais velha estudaram desde pequena e saíram dali direto para a faculdade.

Ana é medalhista na olimpíada de redação. Foto: Divulgação

“Eu fui aprovada em Química, na Unesp Bauru, pelo Provão Paulista. Mas, em decisão com a minha família, optei por fazer o curso de Medicina Veterinária em uma universidade particular pois ganhei uma bolsa integral e era mais próximo de casa. Estou gostando bastante do curso. Sempre gostei de bichos e da área de biológicas”, explica. Assim como Rainne, Ana também é “mais das exatas” e ficou surpresa com o resultado na olimpíada de redação. “Achei o tema [mercado de trabalho] bem complexo. Mas treinamos bastante na plataforma para o Enem e Provão. Acho que isso me ajudou nas olimpíadas”, conta.

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“Para mim, essa força é representada pela minha mãe”

Julia foi aprovada em Ciências e Tecnologia pela UFABC. Foto: Divulgação
Julia foi aprovada em Ciências e Tecnologia pela UFABC. Foto: Divulgação

Depois de estudar na Etec de Rio Grande da Serra nas primeiras duas séries do Ensino Médio, Julia da Silva Santana, de 18 anos, optou por voltar à Escola Estadual Edmundo Luiz da Nobrega Teixeira, em Mauá, onde fez os anos finais do Ensino Fundamental. Na mesma unidade, a mãe, Viviane, trabalha na secretaria. “No terceiro ano, decidi voltar para o Edmundo, pois queria focar nos vestibulares. Isso foi essencial para me preparar melhor para as provas”, afirma.

A mudança deu certo. Júlia foi duplamente medalhista de ouro na Omasp e Redasp, fez o Provão Paulista e com a nota alta do Enem foi aprovada no curso de Bacharelado em Ciências e Tecnologia com foco em Neurociência na UFABC (Universidade Federal do ABC). “Já participei da Obmep algumas vezes, mas nunca cheguei a avançar para a segunda fase. Sempre tive o hábito de estudar por conta própria, além do que era ensinado na escola. Então, minha maior preocupação foi controlar o nervosismo para não me esquecer de algo importante durante as provas”, explica.

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Sobre o bom desempenho de meninas nas olimpíadas e Provão, Julia concorda com as outras supercampeãs sobre as vantagens das mulheres. “Não diria que temos um ‘algo especial’, mas acredito que nossa determinação e resiliência nos impulsionam a evoluir constantemente, independentemente do quão longe já tenhamos chegado. Somos naturalmente dedicadas, enfrentamos desafios com coragem e buscamos sempre o melhor em tudo o que fazemos”, afirma. A mãe, inclusive, é a inspiração da jovem. “Para mim, essa força é representada pela minha mãe, minha maior inspiração. Ela personifica a inteligência, a garra e o amor incondicional, mostrando-me, a cada dia, o poder da dedicação e da superação”, acrescenta.

Veterana em olimpíadas sonha em ser médica

Inara Eduarda Poeta estudante
Inara sonha em ser médica. Foto: Divulgação

As olimpíadas da rede estadual não foram as primeiras que Inara Eduarda Poeta e Silva, de 18 anos, participou. “Fiz Obmep desde o Ensino Fundamental. Mas a de redação foi uma novidade. Eu estudava redação em casa, como um preparatório para o Enem”, explica. Mas para a Omasp ela teve um apoio extra da Escola Estadual Manoel dos Santos, em Magda, região de Fernandópolis. “A escola mantinha um horário de estudo para olimpíadas de matemática com professores excelentes, em especial o professor Lungati. Ele foi essencial para meu conhecimento sobre a matéria, desde a matemática básica até as olimpíadas, devo muito a ele”, acrescenta.

Inara foi aprovada no curso de Gestão Hospitalar na FATEC de Bauru, mas preferiu não fazer a matrícula. “Toda a equipe escolar preparou muito a gente para o Provão, porque era uma oportunidade única. É um curso excelente, mas eu quero mesmo é fazer Medicina. Então, vou tentar de novo”. Enquanto se prepara para uma nova maratona de vestibular, Inara trabalha em um escritório e não pensa em desistir do sonho de ser médica. “Acredito que, por sermos mulheres, exista um esforço maior na vontade de vencer e lutar contra todo estereótipo. Eu posso afirmar com toda a certeza de que toda mulher tem algo especial dentro de si capaz de mudar o mundo”, diz.

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