Dezembro não chegou. Mesmo assim, o clima de Natal já pode ser sentido nas mudanças do clima.
Não falamos de condições de meteorologia. O calor subiu. A umidade do ar melhorou. As radiações solares estão na mesma pegada, para cima. Os ventos, que sopram onde quererem e vão para onde ninguém sabe, em Manaus, devem ter tocado pressão, que não é a atmosférica, na instalação claramente imprudente e imperita da árvore natalina.
As precipitações de chuvas e granizos, na equatorialidade de suas condições climáticas, sabe o que elas são e em abundância. Manaus está no hall do inverno amazônico. O que a faz conhecida como a capital brasileira em que chove todo dia.
A estação das festas de final de ano leva às compras. O comércio se enfeita.
As prefeituras entram com decorações custosas, as quais as entidades de classes econômicas, se puderem, saltam de quinta para não cotizar suas despesas.
Os shoppings contratam os seus Papais Noéis de temporada, fakes por defeito de fábrica e a parafernália de atrações dos consumidores bota os seus blocos e trenzinhos nas ruas e praças.
Nem tudo corre bem. Um incidente ou outro acontece. Tem jeito de evitar. A pressa segue firme como inimiga da eficiência. Ou prefere perfeição?
As administrações públicas não se cansam de fazer besteiras. Os seus agentes e prepostos se esmeram em meias-bocas e trens mal arrumados. Quando terceirizam suas ações, em parcerias com o empresariado e suas associações, levam junto a ojeriza que têm em fiscalizar.
Esse vídeo é um exemplo a não ser imitado nunca[i]:
Um trabalhador, Antônio Paulo Rodrigues de Souza, de 40 anos, morreu na manhã deste domingo, 23, após o guindaste em que ele estava tombar no Largo São Sebastião, no Centro de Manaus. O operário instalava uma árvore de Natal gigante no local.
Você pode ver o momento em que o caminhão, que sustentava a estrutura, virou e destruiu partes da decoração. As imagens também mostram uma outra pessoa, vestida de Papai Noel, pulando do veículo.
O Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência foram acionados para socorrer as vítimas, que eram funcionários da empresa responsável pela montagem.
Vítimas mesmo porque outro homem, Henes Libório Ramos, também de 40 anos, ficou seriamente ferido, com fratura na perna e teve que ser hospitalizado. Foi operado.
Toda a responsabilidade recai sobre o governo do estado do Amazonas que, nos comunicados de praxe, repete, qual papagaio, que está prestando toda a assistência às vítimas e às suas famílias. Sabemos que não é bem assim.
Falha operacional primária
As operações de içamento envolvem riscos elevados, exigindo atenção especial para evitar tombamentos, falhas estruturais e quedas de carga. A segurança operacional deve ser prioridade desde a escolha do equipamento até a execução da movimentação. Aspectos como avaliação do solo, condições climáticas e qualificação da equipe são fundamentais para um içamento seguro.
Instabilidade previsível
O centro de gravidade de um guindaste influencia diretamente na estabilidade da operação com guindaste. Por exemplo, se a carga for posicionada de forma desigual, deslocando o centro de gravidade para um lado, o guindaste pode inclinar perigosamente, aumentando o risco de tombamento. Para evitar esse problema, é essencial distribuir o peso de maneira uniforme e utilizar contrapesos adequados para equilibrar a estrutura. Quando o equipamento não está adequadamente apoiado, a distribuição do peso pode ser comprometida, aumentando o risco de tombamento[ii].
A base de apoio da árvore de natal robusta era uma anã, a pequena carroceria aberta de um caminhão de peso incompatível com o que se aventurava erguer. Papai Noel saltou de lado e ficou de quatro assistindo à frojoca. Uma família está de luto, a de Henes, faz votos para que ele se recupere. Nós também.
[i] @jornalmetropolitan
[ii] https://www.guindastao.com.br/guia-completo-de-seguranca-em-operacoes-com-guindastes-reducao-de-riscos-e-estabilidade-da-carga/
