Espetáculo conta a chocante história de mulher negra que teve o corpo exposto por 30 anos na Faculdade de Direito da USP
Peça "Jacinta - Você Só Morre Quando Dizem Seu Nome Pela Última Vez" terá duas apresentações no Espaço NULO, em Franca

No começo do século 20, uma mulher negra morre nas ruas da capital paulista e não é sepultada. Seu corpo embalsamado fica exposto como curiosidade científica durante trinta anos na Faculdade de Direito da USP, antiga Academia de Direito do Largo de São Francisco.
Para honrar a sua memória, a Cia do Pássaro apresenta em Franca o espetáculo “Jacinta – Você Só Morre Quando Dizem Seu Nome Pela Última Vez”, que faz duas sessões gratuitas no Ponto de Cultura Espaço NULO, nos dias 25 de outubro (sábado) às 20h e no dia 26 de outubro (domingo) às 19h.
Escrita e dirigida por Dawton Abranches, a peça é baseada no caso real de Jacinta Maria de Santana, mulher negra brasileira que, após sua morte, teve o corpo embalsamado e exposto como curiosidade científica, sendo usado em trotes estudantis por quase trinta anos na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, na cidade de São Paulo. Em cena, a atriz francana Gislaine Nascimento e o ator Alessandro Marba, são acompanhados pela musicista Camila Silva, que conduz a trilha sonora no cavaquinho e na cuíca, remetendo ao universo do samba.


A direção de produção é também do francano Fernando Gimenes pelo Plataforma – Estúdio de Produção Cultural. O espetáculo tem o apoio e realização do Governo do Estado de São Paulo, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e do Proac – Fomento CultSP – PNAB 27/2024
O espetáculo integra o projeto “Trilogia do Resgate”, da Companhia do Pássaro, que pretende resgatar do apagamento personalidades históricas com trajetórias emblemáticas no Brasil.
Sobre Jacinta
A peça conta a história de Jacinta Maria de Santana, que, mesmo se tornando vítima das mais diversas violações após a morte, utilizada até em trotes universitários, permaneceu praticamente anônima até 2021, quando a historiadora e pesquisadora Suzane Jardim leu sobre o caso em um jornal de 1929.
O autor da ideia e execução foi o professor Amâncio de Carvalho, da área de medicina legal. Diferente de Jacinta que permaneceu desconhecida por décadas, ele virou nome de rua da Vila Mariana, o segundo bairro mais branco da capital paulista, de acordo com os dados do Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Jacinta era uma mulher pobre e sem ocupação fixa que costumava andar pelas ruas do centro de São Paulo. Um dia, sentiu-se mal e caiu na rua Dutra Rodrigues, a 700 metros da Estação da Luz. Quando sua presença foi comunicada às autoridades, Marcondes Machado, médico legista da Polícia Civil, e Pinheiro Prado, delegado da 1ª Circunscrição, compareceram ao local e deram os encaminhamentos para enviá-la à Santa Casa de Misericórdia. Ela não resistiu e morreu no trajeto.
A partir daquele momento, começa o seu infortúnio. O cadáver foi deixado aos cuidados de Amâncio, que, de acordo com as informações levantadas por Suzane Jardim, queria aperfeiçoar suas habilidades com embalsamento.
Ele já havia deixado o corpo mumificado de uma criança exposto por trinta dias no necrotério da polícia, bem à vista de todos os funcionários. Era a vez de tentar com um adulto. Foi assim que essa mulher permaneceu exposta na Faculdade de Direito do Largo São Francisco por tanto tempo. Inclusive, ela só teve direito a um enterro após a morte do médico.
Serviço
JACINTA no Ponto de Cultura Espaço NULO
25/10 – sábado – 20h
26/10 – domingo – 19h
Gratuito | Retirar ingressos com 30 minutos de antecedência
R. Maria Cândida de Vilhena, 530 – Jardim Dr. Antonio Petraglia, Franca – SP







