
Os apóstolos fizeram um pedido a Jesus: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17,5). Ele respondeu, ensinando que a virtude da fé não é questão de quantidade, mas de qualidade. Ao citar o grão de mostarda como exemplo, semente miúda, mas que traz em si as potencialidades da planta, o Mestre orientou que a fé, se for autêntica, mesmo ínfima, suporta dificuldades e é capaz de façanhas e coisas extraordinárias.
A fé é teologal ou doutrinal, vem em consequência do Batismo, do anúncio de Jesus Cristo, do testemunho e da catequese. Está fundamentada na Palavra de Deus, nos sacramentos, na oração pessoal e comunitária.Temos também a fé que confia, que nos leva a acreditar incondicionalmente na realização das promessas de Deus, no seu amor, na sua bondade e misericórdia.
“O justo viverá por sua fé” (Hab 2,4). O justo é aquele que fica firme e fiel a Deus, em momentos bons, e nas crises e dificuldades. Paulo deu um novo sentido a esta afirmação do Senhor ao profeta Habacuc, dizendo que: “É pela fé que o justo viverá!” (Gl 3,11), isto é, nós somos justificados se acreditamos em Jesus Cristo. Ele exortou o discípulo Timóteo a “reavivar a chama do dom de Deus” que ele recebeu por imposição de suas mãos; a não se envergonhar “do testemunho de Nosso Senhor”; a guardar “o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo” (2 Tm 1,8.14).
Deus nos concede a graça da fé, e o seu crescimento não depende tanto do nosso esforço, mas da gratuidade do dom. Mas a fé é também uma resposta humana. Por ela, livremente, entregamo-nos ao Senhor, acreditamos no seu amor.
“Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Quem segue a Jesus, não o serve por interesse, busca de prestígio, fama ou sucesso, mas age de modo desinteressado, livre e gratuito.
A chama da luz da fé não pode se apagar em nós, pois se isso acontecer, todas as outras luzes perderão o seu brilho. É a luz da fé que ilumina a nossa existência e dá sentido à vida. Ela é a nossa companheira de viagem, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza.
Como reavivar a chama da fé? Na oração da Igreja e pessoal, na leitura, escuta atenta, acolhida e vivência da Palavra de Deus, na celebração dos sacramentos, na piedade e na prática do amor fraterno.
“Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva” (Sl 94,1).
Minhas orações a todos.
Dom Paulo.