Travessia fatal

Uma pedestre de idade estimada em 55 anos, morreu na manhã desta segunda-feira, ao ser atropelada na avenida Bandeirantes, na altura do acesso à Portaria 3, do campus da USP de Ribeirão Preto, que está situada na zona oeste da cidade.
A equipe responsável pelo resgate, de imediato, constatou um traumatismo craniano grave, sem possibilidade de reversão pela equipe, conforme justificado por um médico envolvido no serviço de atendimento. É este facultativo quem fala neste vídeo[i].
A vítima não estava com nenhum documento em sua posse.
Informações preliminares são no sentido de que, ao tentar atravessar a movimentadíssima via, aquela senhora, que fez tudo certo ao usar a passarela, foi atingida por um veículo. A motorista, que não ficou ferida fisicamente, não teria tido tempo de frear o carro, resultando na colisão. Pelo susto e estado de choque, a condutora precisou ser socorrida.
Faltou pouco
Como dito anteriormente, a senhora que perdeu a vida nesta manhã fez o que muitos não fazem, ou seja, atravessar, pelas passarelas, uma rodovia ou qualquer rua ou avenida de intenso trânsito, de alta velocidade, em trechos urbanos e de serras.
Faltava tiquinho de nada para ir ao seu destino em paz e com vida.
Uma coisa puxa a outra.
Um em cada quatro atropelamentos ocorre nas proximidades de passarelas. A explicação para o fato é a falta de prudência do pedestre e a inadequada localização para o acesso.
Diante dessa sábia premissa, não cabe indagar, se a passarela, pela qual desceu a pedestre fatalmente atropelada, está instalada no local seguro e mais conveniente para os seus usuários?
“A passarela é um recurso viável para promover a mobilidade em uma área de tráfego intenso e sua construção deve considerar o deslocamento dos pedestres quanto à localização de pontos de ônibus, do comércio, de supermercados, igrejas, escolas e das moradias ao longo da via”, pontua o engenheiro Ricardo Moschetti[ii], da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), em um grito de alerta para a necessidade de infraestrutura, mas diz que sua eficiência está atrelada a fatores que favoreçam seu uso.
Preocupante
A Arteris ViaPaulista, concessionária que comanda e operacionaliza quatro regiões densamente povoadas e economicamente desenvolvidas, de Ribeirão, Franca, Araraquara e de Botucatu, informa que foram 600 ocorrências de atropelamentos, a exemplo do que aconteceu agora, há pouco, na vizinha Ribeirão Preto, em 2024.
Os números de 2025 não são animadores. Eles consomem vidas e saúde.
As vítimas mais recorrentes são andarilhos e moradores do entorno das rodovias. Intuitivo e evitável.
Passarelas, tem!
A Arteris mantém passarelas instaladas estrategicamente ao longo das rodovias para garantir a travessia segura dos pedestres. Ao todo, são 324 estruturas implantadas nas rodovias sob sua gestão:
– Fernão Dias – 86 passarelas
– Fluminense – 59 passarelas
– Régis Bittencourt – 63 passarelas
– Litoral Sul – 55 passarelas – mais uma em construção com entrega prevista para 2025
– ViaPaulista – 33 passarelas
– Planalto Sul – 15 passarelas
– Intervias – 13 passarelas
A pressa ilude. É como se pular uma defensa, um guard rail ou muro divisório de uma pista dupla encurtasse caminho e diminuísse o tempo de travessia.
Encurta vidas. Está comprovado.
‘Tocando em Frente’, devagar e sempre:
Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei, …, cantarole com Almir Sater e Renato Teixeira. Choram violas; gemem violões.
[i] @news_qru
[ii] https://brasilengenharia.com/portal/noticias/destaque/830-passarelas-daomais-seguranca-a-mobilidade-urbana