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‘Senhor, ensina-nos a rezar’; você sabia que o Pai Nosso tem duas versões?

Há duas versões do “Pai Nosso”, a de Mateus (cf. Mt 6,9-13), um pouco mais desenvolvida, e a de Lucas (cf. Lc 11,1-4), mais enxuta. Os conteúdos se aproximam. “A tradição litúrgica da Igreja conservou o texto de São Mateus” (CIgC, 2579).

Em Lucas encontramos algumas particularidades. O texto inicia falando que “Jesus estava rezando num certo lugar” (Lc 1,1). Ele foi uma pessoa de profunda comunhão com Deus e, por isso, de intensa e permanente oração. Aprendeu esta arte com a tradição do seu povo.

“Um dos seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). O Mestre nos ensina a rezar, colocando-nos na presença de Deus Pai, “Abbá”, em aramaico, é pai, paizinho. Era o modo da criança chamar o seu pai, com confiança, proximidade e carinho. A oração do Senhor é um convite à fraternidade e a comunhão dos filhos e filhas de Deus.

“Santificado seja o teu nome” (Lc 11,2). O desejo de Jesus é que o nome do Pai seja santificado. A santidade de Deus é o centro do seu mistério, é a sua glória, a sua majestade. É o próprio Pai que santifica ou dá a conhecer o seu nome. Mas também pedimos que sejamos abertos para acolher essa graça. Se vivermos bem, o nome divino é bendito.

“Venha o teu Reino ” (Lc 11,2). O Reino é a nossa esperança, é dom do Espírito. Livremente, com a graça de Deus, participamos na sua construção. “O Reino de Deus não é comida e bebida, mas justiça e paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14,17).

“Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos” (Lc 11,3). Com confiança, pedimos o pão necessário e suficiente, alimento básico para a nossa vida e subsistência, e também o pão espiritual, o pão da Palavra de Deus, da Eucaristia, alimentos essenciais para a nossa fé.

“Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os nossos devedores” (Lc 11,4). Pedimos o perdão dos nossos pecados, pois somos pecadores, reconhecemos as nossas misérias, mas confiamos na misericórdia de Deus, na redenção e remissão das nossas faltas. Acolhemos o perdão de Deus e procuramos colocá-lo em prática em nossos relacionamentos. Devemos perdoar sempre, porque Deus já nos perdoou e nos salvou em Jesus Cristo.

Depois de percorrer a caminhada das petições, estamos preparados para discernir a voz de Deus e não nos deixar seduzir e enganar pela voz do tentador. A tentação é a apostasia, o afastamento da fé e do projeto de Jesus.

A nossa oração deve ser constante, insistente e sem constrangimento. O Pai nos ouve, com certeza, e sempre responde. Devemos alimentar a nossa esperança da manifestação da sua bondade. Ele sabe do que precisamos, e nos concede o bem maior: o dom do Espírito Santo (cf. Lc 11,13).

“Bem-aventurado aquele que não perdeu a esperança” (Eclo 14,2). Nossa gratidão aos avós e pessoas idosas, também as nossas orações, reconhecendo que o Senhor é a nossa esperança, sobretudo na velhice. Perseveremos confiantes no seu caminho.

“Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras dos meus lábios” (Sl 137,1).
Dom Paulo.

Alessandro Macedo

É jornalista e editor da Folha de Franca

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