A primeira que nasce
Existe um dito popular que diz que a esperança é a última que morre; e de fato, a desesperança é o último estágio da vida humana. Quando falta a esperança, vai-se o sentido da vida e a pessoa perde a razão de continuar sua existência. Por outro lado, se falamos em uma vida de fé, no reino de Deus, podemos dizer que a esperança é a primeira que nasce, pois que é ela que nos motiva a agir em direção aos propósitos de Deus.
O escritor aos hebreus afirma que os heróis da fé foram motivados por uma esperança que ia além deste tempo presente.
A galeria dos heróis da fé, descrita no capítulo onze daquela epístola, apresenta pessoas comuns que, por causa da sua fé e esperança em Deus, realizaram feitos extraordinários.
Dentre tantos heróis citados, destacamos Abraão, referência do povo de Israel pelo seu notável exemplo de fé pura em Deus. Ele creu nas promessas do Senhor sem duvidar. Deixou a sua terra, Ur dos Caldeus, de fartas plantações de trigo e de beleza arquitetônica ímpar, sem saber qual o destino seguiria. Habitou na terra prometida como estrangeiro! Assim procedeu, porque entendeu que a verdadeira promessa de Deus não se resume à pátria terrena, mas compreendeu a importância de alicerçar a esperança na pátria celestial.
CONTEMPLARAM AS PROMESSAS COM OLHOS ESPIRITUAIS
É importante notar que o modelar conjunto dos heróis da fé não é uma lista exaustiva, porém, representativa. O próprio autor de Hebreus reconhece que em toda a escritura existem tantos exemplos de heróis da fé a serem citados que lhe faltaria tempo para fazê-lo (v. Hb 11:32).
Apesar de todas as dificuldades enfrentadas, e de não terem visto as promessas do Messias cumpridas em Jesus, nossos heróis não abandonaram a sua esperança e convicção em Deus. Eles não viam com olhos humanos, mas através da fé, com os olhos espirituais, contemplavam as promessas (Hb 11:39). Dessa forma, através de uma viva esperança, homens e mulheres triunfaram, foram impulsionados a viverem grandes livramentos e a presenciarem a realização de verdadeiros milagres. O mesmo livro de Hebreus, do Novo Testamento, assinala que, diante de uma esperança futura, eles tiraram força da fraqueza [Hb 11.34].
Embora pareça contraditório, é isso que acontece!
Quando depositamos a nossa fé em Deus, nasce uma esperança que nos invade e impulsiona a seguir as Suas promessas. Esses homens encontraram uma saída em meio às dificuldades, reprogramaram suas vidas, avançaram com forças renovadas.
É fato que se entregar à dúvida é ser conduzido ao desânimo, enquanto que a única maneira de ser vitorioso é aprender a depender de Deus em tudo o que fazemos.
É agradável ao Senhor Deus quando os seus servos demonstram confiança e humildade seguida de quebrantamento!
Através de uma esperança, que nasceu em seus corações, os heróis da tomaram uma importante decisão e prática de vida: agradar a Deus! Ainda hoje, diante das circunstâncias que nos rodeiam, é possível assumir essa mesma postura, sempre olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé.
GERAÇÃO DESESPERANÇADA
Vivemos na época dos instantâneos, comida congelada pronta, que em poucos minutos preparamos em um forno de micro-ondas; rápida locomoção e transporte e outras coisas mais. No campo das comunicações, então, nem se fale! Vejamos o que acontece em nossa interação e interatividade, com a publicação, leitura, releitura, compartilhamento do presente texto, a um ritmo alucinante e apto a atingir audiência em qualquer lugar em que a internet acusa sinais.
É triste, porém, saber e assistir que muitas igrejas procuram oferecer todo tipo de “fast food espiritual”, para agradar a ‘clientela, a galera, o público-alvo’, buscam ideias que atraiam mais e mais gente, esquecem-se de apresentar Deus e sua Palavra; sequer tocam em temas “chatos” (daria para tirar os parênteses!), que possam afastar ‘fiéis’, verdadeiros consumidores de conteúdos estrategicamente preparados com sensibilidade profissional de marqueteiros, abrindo mão de princípios em troca daquilo que é mais fácil e rápido.
A nossa geração não sabe ser paciente. Não sabemos esperar. Entramos na “vibe” das máquinas, ainda que alertados pelo nada conservador ator e escritor Charles Chaplin, no último discurso da obra O grande ditador: não sois máquinas; homens é o que sois!
Vivemos ansiosos, afobados, fazendo tudo para ganharmos tempo. Assim, quando as provas e tribulações chegam, achamos que as nossas orações têm que ser respondidas instantaneamente e que tudo deve ser resolvido no mesmo instante. Entretanto, como na maioria das vezes, as coisas não acontecem assim. Acabamos nos desesperando.
Escrevendo aos crentes em Roma, Paulo enfatiza que: “A tribulação produz a paciência. E a paciência a experiência, e a experiência a esperança; a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios”. (Rm 5:3-6)
A partir do momento em que a esperança nasce em nosso coração, passamos a compreender o tempo de Deus. Então, entendemos que entre as promessas de Deus e o seu cumprimento há um intervalo, e que, este intervalo é um período de espera até que tudo se cumpra. O mesmo se dá na adversidade, quando tudo parece ir de mal e pior, isto é, entre o seu começo e o seu fim há um intervalo em que devemos esperar. Esperar em Deus!
Se a vitória só vem no fim da prova, então o que acontece até lá? Podemos dizer que o tratamento de Deus acontece dentro da prova, no tempo em que estamos esperando o livramento. Dessa forma, podemos dizer que, a esperança é a primeira que nasce, pois o que faz alguém mais que vencedor nem sempre é uma vitória imediata, no primeiro “round” da luta. É justamente a esperança, como combustível, que nos move em direção às conquistas.
“E assim, depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa” (Hebreus 6.15)